A carismática rapper reafirma a sua mestria lírica num álbum nascido de um sonho estranho. Um concerto electrónico que nos “diz coisas estranhas ao ouvido”.

Capicua (do catalão cap i cua, que significa cabeça e cauda) tem disco novo: Sereia Louca, ou serei a louca, se quiserem (editora: NorteSul). Um disco que nasceu porque há sereias que gostam de sapatos. Um disco que fala das mulheres, da água, da morte e dessa coisa complicada que é o passar do tempo e da idade. Um disco que tal como as sereias tem duas metades: uma electrónica, com produções de D-One, Conductor, Ride, Stereossauro, Xeg e Serial e que conta com a voz cúmplice de Gisela João, Aline Frazão e M7, e outra que nasceu no palco e dá segunda vida a trabalhos anteriores, reinterpretados em versões acústicas com Mistah Isaac e They’re Heading West.

Aclamada pela crítica e acarinhada pelo público, Capicua usa as emoções como matéria prima, para compor temas identitários e autobiográficos, com impecável lucidez linguística e sagaz efeito cómico, onde expõe sem filtro as suas fraquezas – a angústia de ver o tempo passar demasiado rápido -, ao mesmo tempo que calça sapatos que não lhe cabem. Só um louco não se deixa seduzir por esta sereia poetisa.

SEX 26 Setembro | 23h
Fábrica de Cultura/Blackbox – Minde
60min | M/12 | 3€