Será possível pincelar poesia? A exposição das obras de Jaime Silva é uma resposta positiva a essa questão, já que cada quadro do pintor transmontano é quase como uma quadra épica de harmonia e arte. A Sociedade Nacional de Belas Artes apresenta uma exposição antológica da obra de Jaime Silva, condensando a sua produção artística realizada entre 1966 e 2011 num conjunto de 100 emblemáticas obras. Há uma alargado espólio da sua época inicial, caracterizada pela ruptura com os cânones artísticos estéticos e académicos, representando figuras grotescas e alteradas, até ao seus grandes desenhos datados da década de 80. Estão aqui retratados os primeiros passos do artista, o que permite observar a evolução da sua estética artística e das suas inspirações. Nascido em Peso da Régua, outra das maiores fontes onde Jaime Silva foi beber são as paisagens transmontanas, aqui representadas simultaneamente contidas e expressivas, quase como confidências feitas num registo intimista de um diário pessoal. Um último ponto de interesse são os ¨Cadernos das Sombras¨, uma abordagem diferente à pintura do corpo e formas humanas, que de igual forma se aproxima dos cânones académicos e se afasta dessas leis da Arte.