Nicole Eitner

Viviena Tupikova

Alexandre Frazão

Miguel Menezes

Pode-se perfeitamente afirmar que todos os passos de Nicole Eitner, todos os palcos, todos os estúdios, todas as canções e todos os ensaios serviram para a trazer até aqui, até «I Am You», estreia grande que é o culminar de um longo e seguro caminho que agora percorre na companhia dos Citizens.

Nicole sabe muito bem o que quer. Abriu caminho frente ao público de Sintra para um memorável concerto de Suzanne Vega, atirou-se para a frente no famoso South By Southwest, nos Estados Unidos, integrada numa «embaixada» portuguesa de que também faziam parte David Fonseca ou Legendary Tugerman, destacou-se e ganhou prémios. Mas o futuro começa aqui, com o novo álbum que gravou com os seus cidadãos do mundo: Alexandre Frazão na precisão milimétrica da bateria, Miguel Menezes a garantir a fluidez no contrabaixo, Viviena Tupikova a acrescentar magia com o seu violino e, claro, ao piano e microfone, a própria Nicole Eitner.

É preciso voltar a afirmar: Nicole sabe muito bem o que quer - canta e toca, compõe e produz, arranja as visões que tem na cabeça e que transforma em canções. Em «I Am You» são treze - «não sou supersticiosa», garante, sublinhando que não é à sorte, mas ao talento que se entrega. Este álbum de estreia de Nicole Eitner & The Citizens foi gravado em Sintra, com Jorge Moura, um engenheiro de som com que Nicole já colabora há muito - «conheci-o há 18 anos num concerto dos Madredeus em Munique», recorda. A produção é da própria Nicole que no entanto faz questão de explicar que adora trabalhar em equipa e que a partir dos palcos agora espera todo o input dos seus «cidadãos». Para começar, espera-os uma digressão a abrir para Joan As Police Woman, uma influência confessada naquilo que faz: «Sou muito fã e posso dizer que foi ela que me inspirou, numa primeira parte de um concerto de Rufus Wainwright, a levar a música para a frente, a pisar os palcos de uma forma mais decidida».

E as canções? «Falam da minha vida, reciclam situações vivida - o álbum é um diário, mas sem factos». E isso significa canções sobre o amor: «o amor entre as pessoas é o que mais me inspira, daí o título do álbum - sem as outras pessoas não sou ninguém. É por isso que tenho tanto respeito pelo público e que tento sempre dar o meu melhor».

Quando lhe pedimos para desenhar o mapa do seu universo musical, Nicole hesita, explica que lhe é difícil categorizar a sua música, mas lá vai apontando alguns «faróis» que lhe iluminam o caminho: Kate Bush, Joan as Police Woman, Sarah Blasko, Rickie Lee Jones, Feist... tudo mulheres. Como as mulheres que canta em «One Hundred Percent», um tema que Nicole acredita que toca especialmente nas mulheres que se sentam na plateia dos seus concertos. Há outros temas especiais em «I am You», como «Love and Melodies», uma possível banda sonora para as memórias do amor. Para esta cidadã do mundo que se sente europeia acima de tudo não há dúvidas: «a música é a minha verdadeira linguagem». E tudo o que ela tem para dizer para já está em «I Am You».