A peça insere-se num projecto de espectáculos que partem da vida e da obra de artistas cuja relevância tenha sido essencial no percurso artístico de M̶i̶g̶u̶e̶l̶ Bonneville. A escolha da passagem de uma escritora, Beauvoir, para outra, Bessa-Luís, como fonte de inspiração para o trabalho de Bonneville, não foi inocente nem aleatório. Deve-se ao facto de ambas escreverem sobre a condição feminina numa cultural patriarcal e pelas histórias em que abordam a busca pragmática de quem somos. Bonneville toma como ponto de partida a procura das raízes do que é ser português, através das obras da autora Bessa-Luís, “e da caracterização que esta faz de personagens em choque permanente com a sociedade em que vivem.”