Maputo, antiga Lourenço Marques, por sua vez, é uma cidade garrida com alma colorida; pintada pelas vestes das mulheres, a capulana e pelos batiks (panos pintados), decorada pelo comércio tradicional; frutos, vegetais, esculturas e outras mercadorias espalhadas nas bermas das estradas.
Nos seus tempos áureos houve quem lhe chamasse a Nova Iorque de África, devido à sua imponência e organização.
Mas 25 anos de guerra civil deixaram-lhe mazelas: os edifícios coloniais precisam de restauro, as estradas necessitam de ser alcatroadas e os passeios de pedra da calçada esperam ser calcetados, pois estão gastos pelos transeuntes.
Chegámos e fomos abordados por Shana, que se prestava a levar-nos ao Hotel, no seu carro vermelho com bancos forrados a pele de vaca. Dada a simpatia, discutimos o preço (visto não ter taxímetro) e lá fomos.
O trajecto revelou-se bastante animado, por entre choupanas, enquanto ouvíamos a rádio local sintonizada num programa que debatia o uso do preservativo. As intervenções dos ouvintes no programa eram hilariantes, de partir o coco a rir, e as gargalhadas de Shana contagiantes.
No dia seguinte, alugámos um “chapa”, uma carrinha Toyota Hiace (9 lugares), que convencionámos chamar de “machimbombo” (gostámos do termo) para nos deslocarmos e partirmos à aventura por terras africanas.
"Machimbombo" é o autocarro (54 lugares), normalmente utilizado para deslocações entre cidades ou da cidade para os arredores. Caracterizado pelo estado de sobrelotação humana e pelo fumo que emana.
E no “machimbombo” de Chambule (proprietário e condutor) com a indispensável ajuda de Dércio (guia), iríamos conhecer as riquezas de Moçambique.
As praias
Apesar de Moçambique ser um país em vias de desenvolvimento, o turismo tem crescido muito nos últimos anos, devido à beleza das suas praias e ao clima maravilhoso.
Os lugares mais interessantes para passar férias em Moçambique encontram-se na zona do litoral, nas extensas praias de areia branca, sobretudo nas grandes cidades e nas proximidades destas. Cidades como Maputo, Quelimane, Nampula, Inhambane, Pemba, Xai-Xai e Beira, são as mais procuradas.
Localizadas na província de Gaza ficam duas das praias mais famosas de Moçambique.
A praia do Bilene é uma bonita praia de areia branca numa espécie de ria, a água não é tão salgada e tem uma tonalidade diferente.
A alguns quilómetros, fica a praia do Xai-Xai com um recife que protege a praia da ondulação marítima tornando-a serena.
O artesanato
É paragem obrigatória a Feira de Artesanato de Maputo, a feira do pau. Todos os Sábados, reúnem-se mais de 100 artesãos que mostram tradições e técnicas de diverso artesanato africano.
Aqui, pode-se apreciar a mestria na arte de trabalhar o marfim e madeiras, como pau-rosa e pau-preto, muito utilizado no fabrico de peças, como animais, bustos e estatuetas, quinquilharias e instrumentos musicais.
Infelizmente, o pau-preto está em risco de extinção. Muitos artesãos, já se consciencializaram, trabalham com outras madeiras e posteriormente passam uma tinta, para dar um "efeito pau-preto".
A feira é também invadida pela cor das capulanas, panos coloridos que as mulheres moçambicanas usam como vestido, saia ou lenço. É com eles que prendem os filhos pequenos à anca ou às costas, consoante a ocasião. A diversidade de motivos e o grande colorido que caracterizam as capulanas, atestam a riqueza cultural do país.
O desenvolvimento do comércio de longa distância, particularmente com comerciantes asiáticos, trouxe para a África Oriental uma variedade muito grande de tecidos, incluindo a capulana. Trocavam-se esses tecidos, geralmente, por produtos de grande valor comercial como ouro, marfim e escravos.
E pelos tradicionais "batiks". O batik é um pano pintado, ilustrando situações de vida locais. Normalmente de cores vivas, com motivos africanos, formas abstractas e padrões geométricos variáveis.
A gastronomia
A culinária moçambicana resulta de uma rica fusão de diferentes culturas, histórias e sabores que se cruzam entre África, o Oriente e a Europa.
Desta mestiçagem resultaram pratos como o caril de caranguejo, o frango com amendoim, os camarões grelhados à moçambicana, o Funge (um acompanhamento culinário típico de Angola e de Moçambique) e muitos mais, que podemos experimentar para variar o nosso cardápio gastronómico.
Seguindo pela Marginal, a via à beira-mar, alcança-se o Costa do Sol, ícone da gastronomia moçambicana. Ali, na varanda Art Deco, saboreia-se o misto de mariscos à moda da casa.
Os mercados
O Mercado Central de Maputo está bem abastecido de simpatia, mas também, obviamente, de fruta e legumes, onde sobrevivem balanças que dariam belas peças de museu e humorísticos cartazes a garantir a excelência dos produtos.
Em matéria de mercados, há outro lugar incontornável na capital moçambicana, o mercado do peixe. Um cenário popular por excelência: apelos de vendedoras e vendedores, mares de amêijoa e graúdos espécimes piscícolas vindos dos viveiros do Índico.
A música
A música de Moçambique é uma das mais importantes manifestações de cultura deste país. A música tradicional tem características bantu e influência árabe, principalmente na zona norte e, como tal, é normalmente criada para acompanhar cerimónias sociais, particularmente na forma de dança.
A noite
Dercio, o amigalhaço guia, levou-nos a conhecer a diversão nocturna na cidade de Maputo.
Começámos por ir ver uma Passagem de Modelos, que apresentava a colecção de um novo talento moçambicano. As cores quentes dos tecidos flutuantes dançavam ao ritmo africano. Estava vidrada com a magia do espectáculo. Pena não ter levado máquina fotográfica para registar aquelas imagens.
Depois fomos a um bar africano. Quando entrámos, olharam-nos como se fossemos aliens, ficámos receosos, mas Dercio fez sinal para estarmos tranquilos. Assim foi ... magnífico. Passado um bocado, já enturmados, balançávamos o corpo ao ritmo Reggae.
Seguimos para o Coconuts, a discoteca mais descontraída que frequentei. Nos jardins exteriores, a música tropical e os ritmos africanos eram contagiantes.
Fomos recebidos, por amigos de Dercio, de copo na mão e como elementos da família.
E seria estranho se assim não fosse. Este é um povo de pródiga comunicação, de generoso verbo que soa como uma música familiar que nos faz sentir em casa.
Às 5 da madrugada, e muito contrariados, tivemos que interromper a noite.
Uma hora depois (às 6 da matina), estaria o “machimbombo” (como o baptizámos, mas que era um chapa) à porta do Hotel para irmos para a África do Sul.
F.Domingues Damaia
2. Jun, 2011
Paulo Alexandre Nunes Domingues
2. Jun, 2011
FDD.MOITA
2. Jun, 2011
Milene Cabral
2. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
2. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
2. Jun, 2011
Ana Pinheiro
2. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
2. Jun, 2011
Inês Delgado
Adorei o artigo tão cheio de riqueza cultural. Vejo que és uma apaixonada por terras de África e deixas transparecer essa paixão pela forma como escreves. Quando somos assim mostramos que somos felizes!
2. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
2. Jun, 2011
Frederico Pedro
Muito fixe a história passada no táxi. E o guia era um porreiraço, não?
3. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
3. Jun, 2011
Frederico Pedro
5. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
Concordo contigo, Frederico, este era um desses casos. Ainda trocámos e-mails e o Dércio chegou mesmo a vir a Portugal ter connosco. Reunimos o pessoal que tinha feito a viagem. Foi muito giro.
5. Jun, 2011
Frederico Pedro
5. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
5. Jun, 2011
Frederico Pedro
5. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
5. Jun, 2011
Inês Delgado
África é mesmo assim. A história do taxi retrata bem a realidade de Maputo.
6. Jun, 2011
Pedro Azevedo
6. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
6. Jun, 2011
Paulo Alexandre Nunes Domingues
7. Jun, 2011
Rui Correia Sampaio
7. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
Gostei muito de visitar a Ilha de Moçambique. Quem sabe ainda escrevo sobre ela.
7. Jun, 2011
Inês Delgado
7. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
7. Jun, 2011
Francisco Campos
7. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
7. Jun, 2011
Fátima Santos
7. Jun, 2011
Fátima Santos
7. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
7. Jun, 2011
Inês Delgado
7. Jun, 2011
Paulo J. Coelho
Maravilha de terra, África é, toda ela, a Mãe África...
Atenção, quanto ao caju, existe o fruto que tem a castanha(semente) por fora na parte superior, que prende ao cajueiro. Possívelmente estou a ler a bíblia ao padre, mas... desculpem, tá? ;-)
Lindas todas as fotos! Obrigado por partilhar.
8. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
8. Jun, 2011
Gisela Alexandra Azevedo da Cost
9. Jun, 2011
Frederico Pedro
9. Jun, 2011
Frederico Pedro
9. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
9. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
9. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
9. Jun, 2011
Pedro Azevedo
10. Jun, 2011
Francisco Campos
12. Jun, 2011
Maria Costa Domingues
12. Jun, 2011