Mensagens de Isadora Martins de Freitas - MyGuide2024-03-29T01:12:40ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehowhttp://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1548664336?profile=RESIZE_48X48&width=48&height=48&crop=1%3A1http://myguide.iol.pt/profiles/blog/feed?user=03x8aipkxfc0l&xn_auth=noVIAGENS (lá fora): Praga, cidade de mil recantos e encantostag:myguide.iol.pt,2013-08-13:4971388:BlogPost:2893602013-08-13T15:30:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><a href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/praga-cidade-de-mil-recantos-e-encantos" target="_self"><img class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561828588?profile=RESIZE_1024x1024" width="500"></img></a> Dia 13, dia de suposto azar, dia de serenidade espiritual.</p>
<p><span style="font-size: 13px;">São quatro e meia da tarde e estamos no topo de Petrin Hill, no meio</span> <span style="font-size: 13px;">da natureza, a olhar ao longe a civilização checa, de imponentes edifícios.</span></p>
<p>Por aqui reina a harmonia, o equilíbrio. Tudo nesta vista leva a pensar que o Homem é…</p>
<p><a target="_self" href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/praga-cidade-de-mil-recantos-e-encantos"><img width="500" class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561828588?profile=RESIZE_1024x1024" width="500"/></a>Dia 13, dia de suposto azar, dia de serenidade espiritual.</p>
<p><span style="font-size: 13px;">São quatro e meia da tarde e estamos no topo de Petrin Hill, no meio</span> <span style="font-size: 13px;">da natureza, a olhar ao longe a civilização checa, de imponentes edifícios.</span></p>
<p>Por aqui reina a harmonia, o equilíbrio. Tudo nesta vista leva a pensar que o Homem é um ser extraordinário. E é. É um ser extraordinariamente ambicioso e requintado. Ser de fins e não de meios.</p>
<p>Hoje, daqui de cima, quase consigo desconstruir a cidade e imaginar a sua montagem, peça por peça, como se de lego se tratasse. Quase consigo ouvir o transportar das pedras, os gritos de esforço de quem o fazia, o olhar cansado dos camponeses.</p>
<p>Ao fundo, as caixas metálicas sobre rodas brilham nas pontes e, junto a mim, as ervas, baixas e ágeis, oscilam com o vento, que por elas passa a uivar em jeito de segredo. </p>
<p>As folhas das árvores mexem, tilin<span style="font-size: 13px;">tando no alto, mas tudo o resto parece adormecido e imperturbável. Nada e tão como o meu espírito por terras praguenses: mais acordado e livre de perturbações que nunca.</span></p>
<p>Ao longe, ouvem-se gritos que prefiro ignorar. Concentro-me, ao invés, nas águas do Vltava, castanhas e, à primeira vista, pouco amistosas. Concentro-me na beira-rio e no quão a cidade à volta dá ao leito todo um encanto grandioso e verdadeiramente pitoresco.</p>
<p>Praga é, de verdade, sinónimo para mim de plenitude - de sentidos e sensações. É “sentir tudo de todas as maneiras”, é sentir-me nascida a cada momento e, por isso, hoje, a um mês do dia de encarar o copo meio cheio, sinto-o transbordar. </p>
<p></p>
<p></p>Amesterdão: o lado Btag:myguide.iol.pt,2013-08-04:4971388:BlogPost:2966252013-08-04T08:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><img class="align-right" height="265" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561825132?profile=RESIZE_1024x1024" width="354"></img> <span style="font-size: 13px;">São nove da manhã e vim dar um passeio pelos arredores da</span> <em style="font-size: 13px;">Hoornsestraat</em><span style="font-size: 13px;">.</span><span style="font-size: 13px;"> </span></p>
<p><span style="font-size: 13px;">Este sítio sussurra paz. Não se ouve nada que não o som do vento a abraçar as folhas e o chilrear de um pássaro aqui, outro ali. À minha frente, a água reflecte como pintura impressionista uma das casas do bairro…</span></p>
<p><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561825132?profile=RESIZE_1024x1024" width="354" class="align-right" height="265"/><span style="font-size: 13px;">São nove da manhã e vim dar um passeio pelos arredores da</span> <em style="font-size: 13px;">Hoornsestraat</em><span style="font-size: 13px;">.</span><span style="font-size: 13px;"> </span></p>
<p><span style="font-size: 13px;">Este sítio sussurra paz. Não se ouve nada que não o som do vento a abraçar as folhas e o chilrear de um pássaro aqui, outro ali. À minha frente, a água reflecte como pintura impressionista uma das casas do bairro típico.</span>Até há pouco, estava de <i>phones</i> postos nos ouvidos, com <i>Spiritus</i> a tocar, mas agora, sentada no extremo de uma das pontes que por aqui há, escuto a natureza.</p>
<p>No céu, vejo rasgos de liberdade que dois aviões deixaram ficar, por entre as nuvens suaves. Noutra ocasião, não hesitaria dizer “levem-me convosco” mas, hoje, em Amesterdão, depois de uma noite de rock ‘n’ roll e frente a este cenário de profunda harmonia entre Homem e natureza, não diria. Hoje, quero perpetuar este estado de espírito.</p>
<p><span style="font-size: 13px;">Engraçado como estamos tão perto da cidade e, ainda assim, tão longe de toda a azáfama. Amesterdão é uma boa cidade para se viver, irei recordar-me disso.</span></p>
<p>Se no <i>Sacré-Cœur</i> a música tornava a paisagem mais mágica, aqui retira-lhe parte da imensa pureza. O segredo: iPod desligado, ouvidos bem abertos e baú de memórias a jeito de enfiar para lá tudo, até o mais ínfimo pormenor.</p>
<p><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561828970?profile=original" target="_self"><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561828970?profile=RESIZE_1024x1024" width="750" class="align-full"/></a></p>
<p></p>PASSEIOS (cá dentro): Porto Sentidotag:myguide.iol.pt,2013-07-03:4971388:BlogPost:2845602013-07-03T20:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><a href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/porto-sentido-1" target="_self"><img class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561812533?profile=RESIZE_1024x1024" width="500"></img></a> <span style="font-size: 13px;">Julho chegou e com ele os pés viraram amantes da calçada. Ao relento, de todas as vezes, descalços, numa ou outra ocasião, têm percorrido os mais diversos solos, as mais diversas texturas. Mas a fome, essa, é saciada através dos sentidos. Dos olhos abertos de espanto para o mundo, para a Invicta, e dos ouvidos tísicos de quem não quer deixar escapar…</span></p>
<p><a target="_self" href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/porto-sentido-1"><img width="500" class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561812533?profile=RESIZE_1024x1024" width="500"/></a><span style="font-size: 13px;">Julho chegou e com ele os pés viraram amantes da calçada. Ao relento, de todas as vezes, descalços, numa ou outra ocasião, têm percorrido os mais diversos solos, as mais diversas texturas. Mas a fome, essa, é saciada através dos sentidos. Dos olhos abertos de espanto para o mundo, para a Invicta, e dos ouvidos tísicos de quem não quer deixar escapar nada.</span></p>
<p>Hoje é dia de partir em busca de uma ribeira diferente. Uma ribeira vista por quem está de fora, distante, mas que lá se sente. Hoje é dia de subir a Avenida d’O Fundador e passar a Ponte Luís I em direcção ao Jardim do Morro.</p>
<p>Aqui, no cimo de tudo, o mais pequeno som chega até nós de forma engrandecida. Tudo parece ter o seu lugar-chave e, ainda assim, coexistir em pleno equilíbrio. Tudo encaixa, tudo encanta. Mas, por momentos (e tudo tem o seu momento), ouve-se aquele som e aquele só. O metro ao passar a ponte. O saxofone de quem toca por prazer mais do que pelos trocos no chapéu. A bossa-nova vinda do rio rio e do Rio. As gaivotas que parecem trazer consigo a brisa do mar nas asas. E o silêncio, aquele cuja presença é difícil de presenciar. Aquele cuja partilha vale ouro.</p>
<p><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561817539?profile=original" target="_self"><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561817539?profile=RESIZE_1024x1024" class="align-right" height="249" width="376"/></a></p>
<p>Lá em baixo, passeiam-se formas. Pequenas sombras frenéticas que levam consigo os mais diversos artigos do típico kit turista: máquinas, mapas, óculos de sol e o impreterível sorriso de quem vê o Douro pela primeira vez.</p>
<p>Cá em cima, deitam-se na relva miúdos e graúdos, de barriga para o sol e olhos postos no reflexo de pontes e casas nas águas paradas.</p>
<p>Eu não o vejo pela primeira vez, ao rio, é certo. Mas de todas elas não consigo evitar suspirar perante tamanha beleza. Junto à Serra do Pilar pode até haver um velho casario, e pode até estender-se até ao mar, mas a sensação de pés descalços na relva, debaixo de sol ou céu estrelado, com vista para a vida portuense, isto sim, é <strong><em>Porto Sentido</em></strong>.</p>
<p> </p>
<p><a href="http://goo.gl/0aqmr" target="_blank"><img width="737" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561806713?profile=RESIZE_1024x1024" width="737" class="align-full"/></a></p>
<p> </p>PASSEIOS (cá dentro): Um cantinho mágicotag:myguide.iol.pt,2013-05-12:4971388:BlogPost:2801562013-05-12T17:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><a href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/um-cantinho-m-gico" target="_self"><img class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561816351?profile=RESIZE_1024x1024" width="560"></img></a> Em tempos de mal-dizer, nada melhor do que fugir para onde só música e chá despertam os nossos sentidos. O calendário aponta dias ainda de Primavera mas o sol lembra-nos, dia sim dia sim, que o Verão não tarda a soprar os seus ventos de mudança. O meu segredo para hoje é o Perlimpimpim. É sítio que dizem ser um “cantinho mágico”. Magia não é arte que me encante mas a música é e essa sim posso dizer…</p>
<p><a target="_self" href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/um-cantinho-m-gico"><img width="560" class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561816351?profile=RESIZE_1024x1024" width="560"/></a>Em tempos de mal-dizer, nada melhor do que fugir para onde só música e chá despertam os nossos sentidos. O calendário aponta dias ainda de Primavera mas o sol lembra-nos, dia sim dia sim, que o Verão não tarda a soprar os seus ventos de mudança. O meu segredo para hoje é o Perlimpimpim. É sítio que dizem ser um “cantinho mágico”. Magia não é arte que me encante mas a música é e essa sim posso dizer ser mágica. No Perlimpimpim, os sons são mágicos. Ben Harper, Beirut, Diabo na Cruz... são diferentes os géneros mas igual a sensação de paz que fazem ecoar pelo espaço.</p>
<p>Em dias que lembram o Verão, os chás gelados levam-nos a viajar por países onde a cada passo há uma árvore em que crescem frutos da mais exótica variedade. Em dias fechados, um chá quente de folhas de girassol e somos felizes por um momento preso no tempo, eternizado pela sensação de leveza que em mais nenhum sítio nos invade de forma tão intensa. Hoje e sempre sei que ali tenho um porto de conforto e inspiração que não podia estar mais longínquo do tema “crise”, do tema “desesperança”.</p>
<p>É uma fuga de fácil execução, verdade, mas não se deixem enganar: tem a mesma pitada de entusiasmo que qualquer visita a paisagens distantes. Fica algures entre as praias de Aveiro, de fachada branca e parapeitos em tom lilás. Não me perguntem o número da porta ou a localidade. Não queiram saber tudo... Procurar faz parte da fuga. Procurar é o segredo para a surpresa e a surpresa o elemento-chave para a fuga perfeita...</p>
<p><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561819934?profile=RESIZE_1024x1024" class="align-full" width="750"/><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561822895?profile=original" target="_self"></a></p>
<p></p>VIAGENS (lá fora): Ver sem ser vistotag:myguide.iol.pt,2013-04-25:4971388:BlogPost:2792282013-04-25T18:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><a href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/na-pele-de-um-louco" target="_self"><img class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561820790?profile=RESIZE_1024x1024" width="737"></img></a> O louco é subvalorizado. É entristecido quando, na verdade, é feliz. É dito lunático quando caminha com os olhos postos em todos os pormenores da Terra. É chamado de solitário quando tem um amigo em cada pedra da calçada, em cada cão vadio, em cada pessoa de sorriso apagado. É desacreditado e, no entanto, não há no que não acredite.</p>
<p>O louco é metade pessoa, metade Universo. Não tem regras,…</p>
<p><a target="_self" href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/na-pele-de-um-louco"><img width="737" class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561820790?profile=RESIZE_1024x1024" width="737"/></a>O louco é subvalorizado. É entristecido quando, na verdade, é feliz. É dito lunático quando caminha com os olhos postos em todos os pormenores da Terra. É chamado de solitário quando tem um amigo em cada pedra da calçada, em cada cão vadio, em cada pessoa de sorriso apagado. É desacreditado e, no entanto, não há no que não acredite.</p>
<p>O louco é metade pessoa, metade Universo. Não tem regras, não tem limites, tem imaginação.</p>
<p>Em Roma, vesti a pele de um: viajei com o veículo-bicho chamado curiosidade e com ele conheci os segredos das vielas, ruas e avenidas, despida de preconceitos e desatenta aos relógios. Em Roma, dei por mim a esquecer que os outros podiam ver-me, só para os ver a eles, seres de interesse, de mil e uma verdades por contar. </p>
<p>Hoje, quase três meses se passaram desde que o avião rumou a terras lusas e cá me condenou a ficar por uns tempos. Quase três meses e um pedaço de mim permanece lá, partido em vários, espalhado pela cidade – no <i>Colosseo</i>, no rio, em <i>Trastevere</i>, nos assadores de castanhas, nos <i>caffè al Ginseng</i>... </p>
<p><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561825720?profile=original" target="_self"><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561825720?profile=RESIZE_1024x1024" class="align-full" width="750"/></a></p>
<p>A verdade é que, na cidade eterna, percorri caminhos sem fim com nada que não a vontade imensa de tudo ver e uns trocos para um <i>cappuccino</i> no bolso e agora, na Invicta, não consigo não gritar que dava tudo para o voltar a fazer. Dava tudo para sair de casa e apanhar o 492 em direcção à <em>Via del Tritone</em>, via dos mil ofícios e do “como é tão bonita esta avenida”. Dava tudo para, a cada <i>fermata</i>, ouvir, ao abrir das portas, o burburinho da manhã romana, a língua cantada a ecoar pela calçada. </p>
<p><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561829788?profile=RESIZE_1024x1024" class="align-full" width="750"/></p>
<p>Saudade, acho que é a palavra. Uma saudade imensa. <span style="font-size: 13px;">Saudade tão nossa e saudade tão dura. Saudade que aprisiona a Alma em travessas alheias e o corpo em terras onde a Alma não quer estar. Saudade que me faz dizer “basta”.</span></p>
<p><span style="font-size: 13px;">Também na Invicta tem de existir vontade. É tudo o que quero - voltar a vestir o manto de um louco - e, já dizia o velho, “tudo é uma coisa só. E quando alguém quer alguma coisa, todo o Universo conspira para que se realize esse seu desejo”.</span></p>
<p><span style="font-size: 13px;"> </span></p>
<p></p>PASSEIOS: Rios, portais de nostalgiatag:myguide.iol.pt,2013-04-20:4971388:BlogPost:2787702013-04-20T18:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p><a href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/rios-portais-de-nostalgia" target="_self"><img class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561822987?profile=RESIZE_1024x1024" width="750"></img></a> Hoje os pés que há meses pisavam solo romano percorrem a calçada portuense a passo de turista. O sol resolveu espreitar depois de semanas e semanas de solitária e, por isso, também o corpo resolveu sair à rua, de Alma renovada.</p>
<p>A Avenida dos Aliados parece concentrar em si os quatro cantos do mundo. Vêem-se pessoas de todas as formas e feitios, em esplanadas, passeios, sopés de…</p>
<p><a target="_self" href="http://myguide.iol.pt/profiles/blogs/rios-portais-de-nostalgia"><img width="750" class="align-full" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561822987?profile=RESIZE_1024x1024" width="750"/></a>Hoje os pés que há meses pisavam solo romano percorrem a calçada portuense a passo de turista. O sol resolveu espreitar depois de semanas e semanas de solitária e, por isso, também o corpo resolveu sair à rua, de Alma renovada.</p>
<p>A Avenida dos Aliados parece concentrar em si os quatro cantos do mundo. Vêem-se pessoas de todas as formas e feitios, em esplanadas, passeios, sopés de estátuas...</p>
<p>A rua que desce a caminho do Douro está em processo de mutação – em obras, por assim dizer – mas não desanima de todo quem por lá passa e sabe o que vai encontrar no final. O rio é recompensa mais que suficiente pelo trabalho de cortar por uma ou outra esquina para fugir aos buracos na estrada.</p>
<p>Os estrangeiros, esses – que o autoproclamam através das pernas cor de cal e cabelos loiros quase brancos – não hesitam em soltar um suspiro de admiração perante o Rio, que “bebe as cores da cidade”. (E. Gonçalves)</p>
<p>A vista é de espanto e, por isso, os olhos esbugalham, a voz fica presa e é esboçado um sorriso, assim, sem mais nenhum porquê, alheio a todos os senãos.</p>
<p>Junto aos cafés, um homem de tez escura toca Bossa Nova. As reminiscências não tardam a pairar no ar, acompanhando o voo das gaivotas e poisando em mim, em cheio na memória de quem sente falta do <i>Tevere</i> como se de um pedaço de Alma se tratasse.</p>
<p>A cúpula do Vaticano, o Castel Sant’Angelo, o Palácio da Justiça deixam em quem os vislumbra eterno deslumbre e eu não me limitei a vislumbrá-los. Contemplei-os. Dias e dias, semanas, quem sabe, já que na sua presença o tempo se perde (sem se perder) – parando, congelando, eternizando-se.</p>
<p>Hoje, de frente para o Douro, sentada na beira-rio na pedra quente do sol, não sei se ria ou se chore, se evoque palavras de agradecimento ou de rancor.</p>
<p>É estranho. É uma guerra entre rios mas, acima de tudo, entre vidas: em Roma vivi uma e hoje existe outra.</p>
<p>Ao Douro sei que tenho a agradecer o esplendor simples das suas margens e subtileza das suas correntes mas não perdoo tudo o que me faz lembrar e sentir.</p>
<p>Ao <i>Tevere</i> são também mil as palavras de gratidão que todos os dias envio telepaticamente mas não esqueço que foi quem roubou o lugar-estrela do Douro – o lugar capaz de mover mundos e fundos interiores, capaz de fazer renascer, feitas fénix, as mais preciosas memórias.</p>
<p>Um e o<span style="font-size: 13px;">utro, fazem doer porque fazem lembrar e, ao fazer lembrar, fazem sorrir e voltam a fazer doer. Um e outro são saudade palpável. São o que chamo portais de nostalgia.</span></p>
<p><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561828156?profile=RESIZE_1024x1024" class="align-full" width="750"/></p>VIAGENS (lá fora): Primeiros passos na cidade eternatag:myguide.iol.pt,2012-09-11:4971388:BlogPost:2779822012-09-11T22:30:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<p align="”justify”">O avião aterrou adiantado uns minutos. Onze horas e um quarto em Roma e já nós, lusitanas de corpo e Alma, pisamos solo Erasmus, solo que virará casa durante os próximos 6 meses. As malas pesam só de olhar para elas. Três. Três grandes malas para cada uma das duas pessoas pequenas. A passadeira rolante não demora a carregá-las até nós e nós não demoramos a segurá-las. (Perder malas era o nosso maior pesadelo, veja-se bem!)</p>
<p>Segue-se uma ida à…</p>
<p align="”justify”">O avião aterrou adiantado uns minutos. Onze horas e um quarto em Roma e já nós, lusitanas de corpo e Alma, pisamos solo Erasmus, solo que virará casa durante os próximos 6 meses. As malas pesam só de olhar para elas. Três. Três grandes malas para cada uma das duas pessoas pequenas. A passadeira rolante não demora a carregá-las até nós e nós não demoramos a segurá-las. (Perder malas era o nosso maior pesadelo, veja-se bem!)</p>
<p>Segue-se uma ida à casa-de-banho, como não podia deixar de ser, e uma procura não muito complicada pelo shuttle que nos levaria à cidade eterna. Muitos passos e oito euros depois, sentámo-nos confortavelmente nos bancos de um autocarro rumo à Stazione Termini. Para lá dos vidros, a paisagem parece estranhamente familiar. Muitas árvores, pequenas casas aqui e ali e estrada, quilómetros e quilómetros de estrada. O sol brilha e faz um calor abrasador lá fora. É nesta altura que começamos a questionar-nos se preenchemos as malas com a indumentária certa. Casacos e mais casacos. Calções? Um par deles...</p>
<p>Meia hora e uns minutos mais tarde, avista-se o centro: Roma, a cidade eterna, dos edifícios possantes e arquitectura majestosa. Ainda não é “nossa” e já se nos entranha, não se estranha.</p>
<p>Descidos os degraus do autocarro, é inevitável uma inspiração profunda. “Estamos em Roma”, sussurramos a nós próprias, “e vamos viver cá”. A sensação que nos invade é de entusiasmo mas, outra vez de malas nas mãos, o cansaço grita mais alto. Ao longe vê-se um homem, jovem ainda, de cabelos loiros e olhos claros. Não parece italiano mas fala a língua fluentemente. Perguntamos-lhe pela Piazzale Valerio Massimo. Não sabe responder mas, de tão prestável, pede ajuda a um outro homem mais velho que nos indica num mapa a localização exacta. Dizem-nos que a melhor forma de lá chegar é apanhando o metro e saíndo na paragem Bologna. Nós agradecemos com um “grazie mille” de pronúncia manhosa e decidimos qual o passo seguinte: comer e beber (não foi difícil).</p>
<p>No final de uma longa combinação de listas brancas e negras no alcatrão, encontra-se um Snack-Bar que serve paninis. Pelo meio de algumas indecisões, acabamos por optar por um “chicken and cheese”, um simples de “mozzarella” e água fresca de preço módico de quatro euros e meio a garrafa..</p>
<p>A simpatia da senhora que atende e dos seus dois ajudantes surpreende quem espera dos italianos da capital pessoas frias e desligadas. São prestáveis e bem falantes com quem passa, com quem compra.</p>
<p>Acabado o almoço, o cansaço assola-nos. Apanha-nos como um autocarro dos que passam e soltam suspiros poluidores. Táxi parece-nos uma opção agora mais viável, por isso combinamos um preço (vinte euros) e rumamos à Piazzale Valerio Massimo. No caminho, ligamos ao proprietário da casa que vai ser nossa nos próximos meses. Chama-se Marco. Acontece que do outro lado da linha, alguém se recusa a fazer-se entender. É engano, é tudo o que percebemos. As nuvens começam a pairar sobre nós: não sabemos a localização exacta da casa e o número que temos é inútil. O senhorio é um fantasma. Será?</p>
<p><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561817637?profile=original" target="_self"><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561817637?profile=RESIZE_1024x1024" width="750" class="align-full"/></a></p>
<p><font color="#0000EE"><u> </u></font></p>
<p>Cabeça bem assente nos ombros: vamos pensar. Faz-se luz e marcamos o número de uma amiga em Portugal que conhece a zona. Perfeito. Em cinco minutos damos com a casa cor escarlate. As grades nas janelas não a tornam acolhedora. Esse papel cabe às árvores que protegem do sol abrasador todo o passeio da longa Via Tiburtina. Encontramos na loja de motorizadas quem nos ajude a encontrar o Marco, o tal. Afinal existe, não é uma sombra. Existe: italiano, galã, simpático. Existe para nos conduzir à “nostra abitazione”, de paredes altas e de cores vivas.</p>
<p>Mas eis que a casa não parece tão nossa. Não o parece até ao momento em que decidimos pôr no armário de um dos três quartos fotografias de todos os que nos são queridos. De momentos que só nós sabemos legendar e que, por isso, tornam o lugar, há instantes desconhecido, nosso, só nosso. A porta número 235 da Via Tiburtina pertence-nos e o que nela viveremos ainda nos limitamos a sonhar mas vos garanto que o que sonhamos é grande, muito grande.</p>
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<p>À decoração da casa não tardamos a acrescentar o tapete que o senhorio fez questão de nos tirar e colocar à entrada para com ele fugir. Bambus e relva na sala de jantar: check. Falta, pois, preencher o frigorífico e os armários da cozinha. O estômago grita por comida a sério e os corpos, cansados, por um banho.</p>
<p>Seguimos a dica da Filipa, vizinha dos estúdios, colega do Porto, e deixamos o número 235 em direcção à Piazzale Crociate, onde fica o Inn’s, o supermercado que vende bebidas alcoólicas a não mais de três euros e ricotta a 59 cêntimos. Em suma: o supermercado que viria a ser o nosso maior fornecedor de vícios, mimos e demais coisas. O “ragazzo” na caixa não é de grandes sorrisos e, depois de empilhar tudo o que trouxemos no cesto, grita-nos um nada afável “Buste?”. Não percebemos e, por isso, sorrimos e acenamos (“Sorrir e acenar, rapazes, sorrir e acenar”).</p>
<p><i>Buste</i> afinal quer dizer sacos. Lá viemos nós com vários em cada mão, fascinadas com a Via Tiburtina e a quantidade de oficinas, sem-abrigos, árvores e carros que nela parecem coexistir em paz.</p>
<p>Em casa, temos uma surpresa de boas-vindas: não há água quente, o fogão não funciona, tampouco o frigorífico, e na casa-de-banho não há luz (ou cortina). Não estivessemos nós de Erasmus na più bella città del mondo, o mais certo seria chorarmos, mas nós rimo-nos (mal sabiamos nós quantas vezes o iríamos fazer). Rimo-nos e procuramos uma solução: jantar pão com atum e bolachas com queijo de barrar. Temos quatro meses para saborear as maravilhosas <i>pastas</i>, podemos sobreviver a um jantar de campista! (e a verdade é que sobrevivemos)</p>
<p><a href="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561821786?profile=original" target="_self"><img width="750" src="http://storage.ning.com/topology/rest/1.0/file/get/1561821786?profile=RESIZE_1024x1024" width="750" class="align-full"/></a><br/> Sobrevivemos para viver o inimaginável, o incrível, o inesperado. Sobrevivemos para contar as mil e uma peripécias. Mas isso, isso são outras histórias. Para a próxima, quem sabe, sai um cheirinho delas.</p>
<p style="text-align: right;"></p>Malas feitastag:myguide.iol.pt,2012-09-09:4971388:BlogPost:2783382012-09-09T17:00:00.000ZIsadora Martins de Freitashttp://myguide.iol.pt/profile/somewheresomehow
<div style="text-align: justify;">É fácil cair no equívoco de pensar que fazer três malas é mais fácil do que fazer uma só. Mas quando se tem uma farmácia, um guarda-roupa e um armário de casa-de-banho para se transportar a coisa complica-se, independentemente do número de malas que se leva.<p>Toalhas e lençóis espreitam da mala de tamanho médio. Espreitam enquanto ocupam dois terços do espaço, deixando apenas um para os sapatos, botas e ténis. Uma mala feita: check!</p>
<p>A maior das três…</p>
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<div style="text-align: justify;">É fácil cair no equívoco de pensar que fazer três malas é mais fácil do que fazer uma só. Mas quando se tem uma farmácia, um guarda-roupa e um armário de casa-de-banho para se transportar a coisa complica-se, independentemente do número de malas que se leva.<p>Toalhas e lençóis espreitam da mala de tamanho médio. Espreitam enquanto ocupam dois terços do espaço, deixando apenas um para os sapatos, botas e ténis. Uma mala feita: check!</p>
<p>A maior das três parecia enorme na loja, capaz de transportar uma pessoa lá dentro, se franzina e bem encaixada. Hoje, agora, pousada na cama rodeada pelos montes de roupa a ela destinados, parece minúscula, incapaz de abarcar sequer metade do necessário.</p>
<p>Fazer malas não é fácil, verdade. Mas tem de ser feito. Peça a peça, o puzzle no interior da mala grande começa a ganhar forma. Camisolas, casacos, calças, secador de cabelo, produtos de higiente, roupa interior e eis que não cabe nem mais um brinco, um tampão, um qualquer item, por mais pequeno que seja.</p>
<p>Na falta de jeito, pedem-se reforços e vem a especialista: a mãe, a profissional da economia de espaço (da economia, em geral). Dois ou três minutos de tetris e mais um de puxa-empurra e o fecho corre, finalmente. Está a segunda mala feita, ufa. One to go.</p>
<p>Esta, de campismo, não é muito maior que as costas de uma pessoa adulta. A ela destinam-se os melhores amigos de um viajante: os livros. Quatro, cinco, não menos, não mais, se não o corpo vai ressentir-se do peso. Esta é a mala que mais horas de entretém carrega. Horas de prazer incessante, de vontade, de sede de palavras. Uma só saga, um só escritor, centenas de personagens, é o que basta para garantir que, seja qual for o destino, os tempos mortos não existirão.</p>
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