O Jameson Urban Routes arranca esta quinta-feira naquele que é um festival de cidade exemplar, apontado pela própria marca de whisky como o evento modelo para outros territórios. 

O cartaz aponta sobretudo o que queremos ouvir amanhã porque o amanhã é já hoje mas é no fim que muitos procuram a virtude. Na última noite que anualmente distrai as atenções da Fabiana do Vikiing, o MusicBox recebe Twin Shadow e há meses que há certeza sobre a lotação esgotada. Não surpreende mas se há artista pouco verosímil dentro de um género que recicla o lixo, aplica o marketing e transforma em luxo - a chillwave - é Twin Shadow, um hispano-americano com ar de quem podia ser vocalista dos Thin Lizzy numa encarnação actual, capaz do melhor (uma remistura soberba para uma canção pop redonda de Solange, a irmã de Beyoncé) e do pior: dois álbuns em nome próprios aborrecidos e pouco credíveis.

Billy Corgan diria que o "fim é o princípio do fim". A tradução é adaptada mas ajusta-se; o que não vale a pena é tomar a parte pelo todo. Todos os dias do JUR juram a bandeira da criatividade. O substracto é maioritariamente electrónico e os nomes que despertam maior curiosidade são Mirror People e Rui Trintaeum (na madrugada de quinta para sexta), Lapalux, Planningtorock e Jacques Renault, ou seja a madrugada de 19 para 20; Moullinex e os Whomadewho, no sábado 21; toda a noite de 28 com Six Organs of Admittance, Gala Drop, Kode 9 e DJ Marfox; e 29 com Ifan Dafydd e Jorge Caiado. 80% do cartaz é motivo mais que suficiente para fugir do Cais do Sodré que vê e é visto e aguardar na fila debaixo da ponte da Rua Nova do Almada. Quem tiver interesse em conhecer a dieta dos intervenientes, é estudar as biografias com foto, espreitar a mesa do Povo e comparar com as previsões. Normalmente, a realidade ganha pela piada.

Jacques Renault - Beam Me Up

Moullinex - Take My Pain Away