Comércio e Tendências - Bijuteria Com Significado

As dificuldades ou adversidades levam-nos por vezes a pensar em situações que nunca tínhamos imaginado antes e a tomar decisões que podem mudar a nossa vida para os dois lados. Não obstante, e como dizia Paul Watzlawick “ao ser humano é impossível não comunicar” e então se não se faz compreender de uma maneira ou não se sente bem com a vida que tem, reinventa-se. E essa é a grande simbiose do ser humano com o mundo. Quando não nos sentimos tão agradados com a vida que temos, com os planos que traçamos para ela, remetemo-nos para uma metamorfose que nos leva a explorar uma nova vida e reinventado, assim, o nosso mundo.


Marisa Góis tem 25 anos, reside actualmente na cidade de Leiria e é formada em Informática. O trabalho que executa hoje a tempo inteiro, Gestão/Administração numa empresa, nada tem a ver com a sua área de formação, apesar de lhe servirem as bases do seu estudo.


Mas, tal como muitas das pessoas, que mesmo tendo um emprego/trabalho, Marisa é uma auto didacta e nas suas horas vagas encontrou um objectivo extra que abraçou com todo o carinho e que hoje faz dele uma segunda actividade laboral, apesar de este ser também mais um refúgio do que uma obrigação. E este pretende ser um artigo que relatará a história da jovem Marisa e do seu projecto chamado Bijuteria com Significado.


Todo este artigo foi transcrito de uma entrevista que realizei à Marisa para um artigo, para que pudesse cumprir os requisitos do estágio e fosse aceite pelos administradores do MyGuide. Penso que apesar de ser a história de alguém que não conhecemos, merece ser lida e passada aos amigos, pois o que esta jovem faz e tem conseguido alcançar é de extremo valor e merece, ao menos, da minha parte o devido reconhecimento. Obrigado Marisa pela tua inspiração e dedicação. Prosseguimos agora com o resto do artigo.


Estávamos em Janeiro de 2009, quando Marisa se iniciou nas lides das artes manuais dedicando-se numa primeira fase à criação de artigos em material de feltro, nunca tratando esta actividade como um futuro projecto ou trabalho e nem imaginando sequer que chegaria onde está hoje. Construindo as suas peças em feltro, surgiu então a ideia de criar um blog dedicado ao feltro, com diversos artigos feitos desse material. Posteriormente, decidiu em Janeiro de 2010 acrescentar uma nova actividade à que já exercia, e tendo em vista a época do calor, surgiu a ideia de experimentar uma nova área, a bijuteria.


Mas como nasceu, assim de repente, o interesse pela bijuteria, perguntam vocês? Pois muito bem. A Marisa tem uma tia que possui uma lojinha de bijuterias na Praia da Vieira, em Leiria, que a incentivou a criar algumas peças para fornecer o seu estabelecimento. Com o apoio familiar foi fácil para a nossa jovem empreender o seu talento com confiança e sem grandes compromissos. O gosto foi-se aperfeiçoando, as agulhas deram lugar aos alicates e voilá...! Nunca mais conseguiu parar e com o passar do tempo, o gosto aperfeiçoou-se, e chegou a um patamar onde já leva mais 500 seguidores no seu site e mais de 9.500 likes no Facebook.

Levando um dia de cada vez, a jovem leiriense encara este projecto como algo para fugir do seu di-a-dia, mas sempre com um sentido de grande responsabilidade e dedicação como se tem num emprego. Apesar de o tempo ser sempre pouquíssimo, tenta dar o seu melhor neste projecto e em cada peça que cria. Dado a vida, de momento, não lhe permitir explorar esta actividade como gostaria a 100%, vai conciliando-o com aquele que é, o seu trabalho a tempo inteiro.


Não possuindo qualquer tipo de formação nas artes manuais, é, como já referi, uma auto-didacta, e tudo o que sabe vem de experiências, vídeos que viu, peças que fez e desfez dezenas de vezes… Com a prática quase se chega à perfeição. Um sentido de empreendedorismo na busca do melhor de cada um de nós é assim que descrevo a atitude da Marisa.
Criar é objecto único do ser humano. Daí, querermos saber como se inspira a nossa jovem para produzir peças tão simples e deslumbrantes, mas que por detrás têm um trabalho de casa que deixariam muitos gestores boquiabertos em termos de organização e pesquisa, para fazerem melhor o seu trabalho.

Pesquisa, pesquisa, trabalho, muitas horas de trabalho e muita paciência, muita dedicação e também muito amor pelo que se faz, pois existem algumas peças que são tão minuciosas e frágeis que necessitam de todo o cuidado para se lidar com elas. Com algumas influências de outras crafters (1) portuguesas, continua a visitar e a acompanhar o trabalho de outras jovens que se dedicam ao mesmo tipo de actividade e recorre à inspiração e imaginação para adaptar estilos e tendências ao mercado nacional e à exigência de algumas clientes.

 

Contudo, não pense o caro leitor/a que basta pegar numa agulha, no carrinho de linhas e em meia dúzia de peças e já se constrói uma obra-prima. Não! A Marisa falhou muitas vezes até achar o seu rumo, perdeu muitas horas de sono à procura da melhor conjugação de uma peça com outra e do entendimento estético das cores com os materiais, mas por fim encontrou o caminho que queria e aprendeu com esses erros da mesma forma que devemos aprender com tudo o que fazemos na nossa vida. Tentou sempre seguir a sua própria linha de criação, de forma a não prejudicar ninguém. Mas este “mundo” da bijuteria, apesar de ser um mundo bastante competitivo e dada a taxa de desemprego, tem cada vez mais adeptos e pessoas a criar e a vender peças de bijuteria.


Sustentada numa metodologia de criação original e genuína, Marisa é uma apaixonada do estilo vintage , gosto que adquiriu a sensivelmente um ano. Tudo o que diga respeito aos anos 50 e 60 rejubila nas suas criações. Os quadros, os desenhos, as roupas, as rendas, os detalhes, os medalhões… E a sua fonte de inspiração acabou por surgir daí mesmo. Peças actuais mas com um toque vintage.

Como expliquei anteriormente, a carreira da Marisa neste percurso passou por duas fases. Desde a fase do feltro, à fase da bijuteria artesanal (onde a maioria dos artigos eram criados com peças de acrílico) até à actualidade da bijuteria vintage/whimsical. Neste momento, é neste mercado que foca a sua atenção. No entanto, a moda e as tendências também acabam sempre por ditar um pouco o rumo daquilo que um criador deve ou tem que criar. Tal como as estações do ano também as modas mudam.


Já falei que a jovem Marisa havia criado um blog para dar a conhecer o seu trabalho. Falaremos então da importância que a Internet trouxe ao seu pequeno negócio, que sem dúvida a catapultou do anonimato para uma realidade, à qual nunca imaginou ser possível pertencer. Sem ela não teria o conhecimento e o reconhecimento que tem hoje. É, nas palavras de Marisa, “a minha maior e melhor ferramenta de trabalho aliada aos alicates. Graças ao meu site e à rede social Facebook (Handmade with love), consigo chegar a qualquer parte do país e do mundo”. 

 

Presentemente, tem encomendas e trabalhos para realizar de todo o país, tendo ainda tempo para executar peças que estão à venda em algumas lojas do país, nomeadamente em Leiria, Pombal, Oeiras e brevemente em Braga.
E o feito de Marisa é ainda maior ao conseguir orientar toda esta orquestra artística e com uma fonte de inspiração e trabalho inesgotáveis sem sequer possuir qualquer tipo de parceria ou apoio com marcas ou lojas. No entanto, faz questão de publicitar no seu site e espaço do Facebook os locais onde tem as suas peças à venda para que as pessoas os possam visitar e adquiri-las, posteriormente.


Com pedidos a chegar de todos os cantos de Portugal, existe de tudo um pouco nas encomendas que recebe desde os mais normais, alguns de cariz pessoal, outros excêntricos ou para uma ocasião especial, mas também existem clientes que lhe enviam dicas e sugestões de peças/temas que a Marisa agradece e retribui com a criação de peças absolutamente deliciosas.
Albergando de tudo um pouco, o seu leque de opções e o seu portfolio criativo fica cada vez mais rico, o que demonstra o sucesso obtido. Perguntamos à Marisa como definia o seu projecto ao que respondeu: “defino este projecto como um projecto em crescimento baseado na ideia de criar peças que relembrem um momento, um lugar, uma pessoa”. Acrescentou ainda: “cada peça é enriquecida com pequenos detalhes, adequados à pessoa a quem se destina ou inspirados numa memória a eternizar. Músicos, professores, amantes de fotografia, viagens inesquecíveis, lugares especiais... Tudo pode ser recordado com uma peça de bijuteria... sempre com significado”. Muitas são a pessoas que querem personalizar as suas peças: com iniciais, peças com fotos próprias, peças que relembrem algo especial. Tudo ou quase tudo é possível.

Ora, isto leva-nos a pensar que peças tão delicadas e algumas de complexa execução, por vezes, transformam-se num quebra-cabeças para lidar com elas, mas Marisa não se recorda de alguma vez ter uma peça que lhe tenha dado realmente muito trabalho. Dado possuir um vasto leque de materiais, e tendo em conta o significado que a pessoa pretende, consegue de uma forma quase instantânea criar na sua mente a peça ideal para determinado pedido. Mas sem os materiais armazenados de que dispõe, seria muito mais complicado.


Satisfeitos os pedidos e as extravagâncias de alguns clientes chega a hora do descanso do guerreiro, neste caso da guerreira. Mas desenganem-se, pois apesar de o ritmo abrandar por uns momentos, a mente criativa da nossa jovem está sempre e mexericar e já a pensar na próxima colecção. Quisemos então saber como se prepara uma nova colecção, após a longa jornada da anterior.


Como nos explicou a Marisa, normalmente, faz muita pesquisa mantendo-se atenta às tendências da moda para que as clientes possam usar as peças de bijuteria de acordo com as roupas que usam no momento. Tenta estar a par do que se veste, do que se usa… Procura artesãos estrangeiros de que gosta e inspira-se em alguns dos seus trabalhos. Mas a grande parte das pesquisas que Marisa faz são mesmo em busca dos materiais. A quantidade de materiais, cada vez mais diversificadas, em vários tons, para todos os gostos e géneros obriga-a, como nos disse, “a despender muitas horas em busca de diferentes tipos de materiais mas com qualidade, tentando sempre manter a relação qualidade/preço”.
Necessitando de uma variedade tão diversificada de materiais e peças, apesar de ter uma boa maquia armazena, onde consegue encontrar tanta quantidade numa relação qualidade/preço? Tal como nos explicou, através de algumas pesquisas na Internet quase tudo se encontra. O que lá não consegue adquirir, compra numa ou duas lojas em Leiria. Também, quando tem a oportunidade de se deslocar à capital, aproveita para dar uma vista de olhos a algumas lojas de referência que conhece.


Sendo o vintage o seu estilo de eleição na criação das suas peças e apesar de também utilizar qualquer um dos outros estilos, sobram-lhe muitas pecinhas e materiais. O estilo adoptado é muito específico e de peças ornamentadas, Marisa tem muito amor e cuidado com as suas ferramentas de trabalho guardando-as em caixinhas com divisórias próprias, organizando cada peça pelo seu tema e assim tornar mais fácil para ela saber onde estão. Afirma que nunca colocou nem coloca nada no lixo. Essas sobras têm uma futura utilidade e obviamente que guarda todos os materiais, pois podem não servir para uma determinada peça mas servirão para outra. Tudo se aproveita!


Com um trabalho a tempo inteiro, as poucas horas livres são dedicadas a esta paixão. Não obstante a estas duas actividades, já surgiram outras oportunidades. Uma delas consistia na realização de workshops na área da bijuteria mas dado que a sua vida profissional e pessoal é extremamente ocupada, não pode aceitar esses pedidos e tem que fazer cedências. O pouco tempo que lhe sobra é para modificar e inovar o layout do seu site (que foi todo feito de raiz por si) e postar novas informações no Facebook.


Mesmo antes deste projecto ser conhecido, e de se dedicar somente à colecção mais vintage, já realizou à experiência, uma pequena feira na Vila da Guia, em Pombal. Recebeu, também, uma proposta para participar nas Feiras Francas no Porto, uma oportunidade que deseja um dia concretizar, assim que conseguir equilibrar o seu tempo.


Actualmente, está a preparar a nova colecção Primavera/Verão. Ainda não conseguiu postar nada relativamente a isso, por que enquanto tiver pedidos pendentes, não se pode dedicar totalmente à criação de novos artigos. Contudo, deixa ficar uma mensagem às suas fiéis clientes e seguidores de que o look vintage se manterá, mas surgirá com alguma cor e mais florido… Peças mais alegres e com tons mais quentes para o Verão. E mais não pode dizer, é surpresa (sorrisos).


Já perto de terminar o nosso artigo sobre esta jovem bem empreendedora e muito talentosa, perguntamos-lhe qual o balanço que faz ao percurso do seu projecto, como avalia o seu desempenho, como lida com o sucesso e quais os pontos positivos, negativos e melhorias para o futuro.


Marisa considera-se uma sortuda e privilegiada em todos os aspectos e não cria perspectivas delineadas no tempo. Os pedidos seguem consoante os gostos das clientes, a moda, as tendências… Por enquanto está satisfeita com o sucesso e aceitação que tem tido. Tem a sorte de ter clientes maravilhosas que a ajudam imenso, que compreendem o tempo de espera, que opinam, aconselham e recomendam o seu site. Muito do que tem hoje, deve-lhes a elas e é por esse motivo que de vez em quando, faz sorteios das peças que cria. O seu objectivo a curto prazo passa por conseguir terminar todos os pedidos e publicar a nova colecção. A longo prazo gostava de começar a fornecer para outras lojas e, quem sabe, fazer desta realidade/sonho, a sua profissão.

 

No meio de todo este trabalho, reitera o papel fundamental que a Internet tem para o “passa-a-palavra”, mas aponta alguns contras... Como por exemplo os trabalhos ficarem disponíveis para um grande público, tanto para os que querem adquirir/apreciar, como para os que pretendem ter uma atitude mais desleal para com os autores. É uma faca de dois gumes a que todos os artistas e criadores estão sujeitos, sobretudo para aqueles que não têm a possibilidade de registar as suas criações. Diz que é bom conhecer outros artesãos e os seus trabalhos, pois revigoram a inspiração, mas mais importante ainda e atesta, “é bom RECONHECERMOS o seu trabalho e os seus direitos de criação”.


Para concluir, perguntamos-lhe que mensagem gostava de transmitir aos consumidores, clientes, e seguidores do seu trabalho, ao que nos respondeu com um simples apelo: “valorizem o artesanato a nível nacional (e não me refiro especificamente ao meu trabalho) mas tenham atenção ao que compram, apreciando os detalhes, a qualidade e sentindo em cada peça o amor com que cada puma foi criada, dando confiança ao que é nosso”.

 

(1) Palavra derivada de Craft, significa A Arte, Força, e é um termo muito usado no paganismo moderno, para definir a religião Wicca ou outras vertentes, e também para falar de magia, não específica,
mas magia num todo. É, também, uma palavra frequentemente associada com
“artesanato”, relacionado a realizar coisas com precisão e destreza, ou a mão.

 

 

Todas as imagens utilizadas foram cedidas e autorizadas pela entrevistada.


As dificuldades ou adversidades levam-nos por vezes a pensar em situações que nunca tínhamos imaginado antes e a tomar decisões que podem mudar a nossa vida para os dois lados. Não obstante, e como dizia Paul
Watzlawick “ao ser humano é impossível não comunicar” e então se não se faz
compreender de uma maneira ou não se sente bem com a vida que tem,
reinventa-se. E essa é a grande simbiose do ser humano com o mundo. Quando não
nos sentimos tão agradados com a vida que temos, com os planos que traçamos
para ela, remetemo-nos para uma metamorfose que nos leva a explorar uma nova
vida e reinventado, assim, o nosso mundo.

Marisa Góis tem 25 anos, reside actualmente na cidade de Leiria e é formada em Informática. O trabalho que executa hoje a tempo inteiro, Gestão/Administração numa empresa, nada tem a ver com a sua área
de formação, apesar de lhe servirem as bases do seu estudo.

Mas, tal como muitas das pessoas, que mesmo tendo um emprego/trabalho, Marisa é uma auto didacta e nas suas horas vagas encontrou um objectivo extra que abraçou com todo o carinho e que hoje faz dele uma segunda
actividade laboral, apesar de este ser também mais um refúgio do que uma
obrigação. E este pretende ser um artigo que relatará a história da jovem
Marisa e do seu projecto chamado Bijuteria
com Significado
.

Todo este artigo foi transcrito de uma entrevista que realizei à Marisa para um artigo, para que pudesse cumprir os requisitos do estágio e fosse aceite pelos administradores do
MyGuide. Penso que apesar de ser a história de alguém que não conhecemos,
merece ser lida e passada aos amigos, pois o que esta jovem faz e tem
conseguido alcançar é de extremo valor e merece, ao menos, da minha parte o
devido reconhecimento. Obrigado Marisa pela tua inspiração e dedicação.
Prosseguimos agora com o resto do artigo

Estávamos em Janeiro de 2009, quando Marisa se iniciou nas lides das artes manuais dedicando-se numa primeira fase à criação de artigos em material de feltro, nunca tratando esta
actividade como um futuro projecto ou trabalho e nem imaginando sequer que
chegaria onde está hoje. Construindo as suas peças em feltro, surgiu então a
ideia de criar um blog dedicado ao feltro, com diversos artigos feitos desse material.
Posteriormente, decidiu em Janeiro de 2010 acrescentar uma nova actividade à
que já exercia, e tendo em vista a época do calor, surgiu a ideia de
experimentar uma nova área, a bijuteria.

Mas como nasceu, assim de repente, o interesse pela bijuteria, perguntam vocês? Pois muito bem. A Marisa tem uma tia que possui uma lojinha de bijuterias na Praia da Vieira, em Leiria,
que a incentivou a criar algumas peças para fornecer o seu estabelecimento. Com
o apoio familiar foi fácil para a nossa jovem empreender o seu talento com
confiança e sem grandes compromissos. O gosto foi-se aperfeiçoando, as agulhas
deram lugar aos alicates e voilá...!
Nunca mais conseguiu parar e com o passar do tempo, o gosto aperfeiçoou-se, e
chegou a um patamar onde já leva mais de 9.500 seguidores (colocar como link
para o blog).

Levando um dia de cada vez, a jovem leiriense encara este projecto como algo para fugir do seu di-a-dia, mas sempre com um sentido de grande responsabilidade e dedicação como
se tem num emprego. Apesar de o tempo ser sempre pouquíssimo, tenta dar o seu melhor
neste projecto e em cada peça que cria. Dado a vida, de momento, não lhe
permitir explorar este hobbie como
gostaria a 100%, vai conciliando-o com aquele que é, o seu trabalho a tempo
inteiro.

Não possuindo qualquer tipo de formação nas artes manuais, é, como já referi, uma auto-didacta, e tudo o que sabe vem de experiências, vídeos que viu, peças que fez e desfez dezenas
de vezes… Com a prática quase se chega à perfeição. Um sentido de
empreendedorismo na busca do melhor de cada um de nós é assim que descrevo a atitude
da Marisa.

Criar é objecto único do ser humano. Daí, querermos saber como se inspira a nossa jovem para produzir peças tão simples e deslumbrantes, mas que por detrás têm um trabalho de casa
que deixariam muitos gestores boquiabertos em termos de organização e pesquisa,
para fazerem melhor o seu trabalho.

Pesquisa, pesquisa, trabalho, muitas horas de trabalho e muita paciência, muita dedicação e também muito amor pelo que se faz, pois existem algumas peças que são tão minuciosas e
frágeis que necessitam de todo o cuidado para se lidar com elas. Com algumas
influências de outras crafters[i]
portuguesas, continua a visitar e a acompanhar o trabalho de outras jovens que
se dedicam ao mesmo tipo de actividade e recorre à inspiração e imaginação para
adaptar estilos e tendências ao mercado nacional e à exigência de algumas
clientes. Contudo, não pense o leitor/a que basta pegar numa agulha, no
carrinho de linhas e em meia dúzia de peças e já se constrói uma obra-prima.
Não! A Marisa falhou muitas vezes até achar o seu rumo, perdeu muitas horas de
sono à procura da melhor conjugação de uma peça com outra e do entendimento
estético das cores com os materiais, mas por fim encontrou o caminho que queria
e aprendeu com esses erros da mesma forma que devemos aprender com tudo o que
fazemos na nossa vida. Tentou sempre seguir a sua própria linha de criação, de
forma a não prejudicar ninguém. Mas este “mundo” da bijuteria, apesar de ser um
mundo bastante competitivo e dada a taxa de desemprego, tem cada vez mais
adeptos e pessoas a criar e a vender peças de bijuteria.

Sustentada numa metodologia de criação original e genuína, Marisa é uma apaixonada do estilo vintage[ii], gosto que adquiriu a sensivelmente um ano. Tudo o que diga respeito aos anos 50 e 60 rejubila
nas suas criações. Os quadros, os desenhos, as roupas, as rendas, os detalhes,
os medalhões… E a sua fonte de inspiração acabou por surgir daí mesmo. Peças
actuais mas com um toque vintage.

Como expliquei anteriormente, a carreira da Marisa neste percurso passou por duas fases. Desde a fase do feltro, à fase da bijuteria artesanal (onde a maioria dos artigos
eram criados com peças de acrílico) até à actualidade da bijuteria vintage/whimsical. Neste momento, é
neste mercado que foca a sua atenção. No entanto, a moda e as tendências também
acabam sempre por ditar um pouco o rumo daquilo que um criador deve ou tem que
criar. Tal como as estações do ano também as modas mudam.

Já falei que a jovem Marisa havia criado um blog para dar a conhecer o seu trabalho. Falaremos então da importância que a Internet trouxe ao seu pequeno negócio, que sem dúvida a
catapultou do anonimato para uma realidade, à qual nunca imaginou ser possível
pertencer. Sem ela não teria o conhecimento e o reconhecimento que tem hoje. É,
nas palavras de Marisa, “a minha maior e melhor ferramenta de trabalho aliada aos
alicates. Graças ao meu site (colocar km link www.bijuteriacomsignificado.com),
e à rede social Facebook (link Handmade with love), consigo chegar a qualquer
parte do país e do mundo”.

Presentemente, tem encomendas e trabalhos para realizar de todo o país, tendo ainda tempo para executar peças que estão à venda em algumas lojas do país, nomeadamente em Leiria,
Pombal, Oeiras e brevemente em Braga.

E o feito de Marisa é ainda maior ao conseguir orientar toda esta orquestra artística e com uma fonte de inspiração e trabalho inesgotáveis sem sequer possuir qualquer tipo de
parceria ou apoio com marcas ou lojas. No entanto, faz questão de publicitar no
seu site e espaço do Facebook os locais onde tem as suas peças à venda para que
as pessoas os possam visitar e adquiri-las, posteriormente.

Com pedidos a chegar de todos os cantos de Portugal, existe de tudo um pouco nas encomendas que recebe desde os mais normais, alguns de cariz
pessoal, outros excêntricos ou para uma ocasião especial, mas também existem
clientes que lhe enviam dicas e sugestões
de peças/temas que a Marisa agradece e retribui com a criação de peças
absolutamente deliciosas.

Albergando de tudo um pouco, o seu leque de opções e o seu portfolio criativo fica cada vez mais rico, o que demonstra o sucesso obtido. Perguntei à Marisa como definia o seu
projecto ao que me respondeu: “defino este projecto como um projecto em
crescimento baseado na ideia de criar peças que relembrem um momento, um lugar,
uma pessoa”. Acrescentou ainda: “cada peça é enriquecida com pequenos detalhes,
adequados à pessoa a quem se destina ou inspirados numa memória a eternizar.
Músicos, professores, amantes de fotografia, viagens inesquecíveis, lugares
especiais... Tudo pode ser recordado com uma peça de bijuteria... sempre com
significado”.

Muitas são a pessoas que querem personalizar as suas peças: com iniciais, peças com fotos próprias, peças que relembrem algo especial.

Ora, isto leva-nos a pensar que peças tão delicadas e algumas de complexa execução, por vezes, transformam-se num quebra-cabeças para lidar com elas, mas Marisa não se
recorda de ter alguma peça que lhe tenha dado realmente muito trabalho. Dado
possuir um vasto leque de materiais, e tendo em conta o significado que a
pessoa pretende, consegue de uma forma quase instantânea criar na sua mente a
peça ideal para determinado pedido. Mas sem os materiais armazenados de que
dispõe, seria muito mais complicado.

Satisfeitos os pedidos e as extravagâncias de alguns clientes chega a hora do descanso do guerreiro, neste caso da guerreira. Mas desenganem-se, pois apesar de o ritmo abrandar por
uns momentos, a mente criativa da nossa jovem está sempre e mexericar e já a
pensar na próxima colecção. Quisemos então saber como se prepara uma nova
colecção, após a longa jornada da anterior.

Como nos explicou a Marisa, normalmente, faz muita pesquisa mantendo-se atenta às tendências da moda para que as clientes possam usar as peças de bijuteria de acordo com as
roupas que usam no momento. Tenta estar a par do que se veste, do que se usa…
Procura artesãos estrangeiros de que gosta e inspira-se em alguns dos seus
trabalhos. Mas a grande parte das pesquisas que Marisa faz são mesmo em busca
dos materiais. A A quantidade de materiais, cada vez mais diversificadas, em
vários tons, para todos os gostos e géneros obriga-a, como nos disse, “a
despender muitas horas em busca de diferentes tipos de materiais mas com
qualidade, tentando sempre manter a relação qualidade/preço”.

Necessitando de uma variedade tão grande materiais e peças tão diversificadas, apesar de ter uma boa maquia armazena, onde consegue encontrar tanta quantidade numa relação qualidade/preço,
como foi referido? Tal como nos explicou, através de algumas pesquisas na Internet
quase tudo se encontra. O que lá não consegue adquirir, compra numa ou duas
lojas em Leiria. Também, quando tem a oportunidade de se deslocar à capital, aproveita
para dar uma vista de olhos a algumas lojas de referência que conhece.

Sendo o vintage o seu estilo de eleição na criação das suas peças, apesar de também utilizar qualquer um dos outros estilos, assim como no mundo da moda, sobram-lhe muitas pecinhas e materiais. Embora
seja o estilo adoptado seja muito específico e de peças ornamentadas, Marisa
tem muito amor e cuidado com as suas ferramentas de trabalho guardando-as em
caixinhas com divisórias próprias, organizando cada peça pelo seu tema e assim tornar
mais fácil para ela saber onde estão. Afirma que nunca colocou nem coloca nada
no lixo. Essas sobras têm uma futura utilidade e obviamente que guarda todos os
materiais, pois podem não servir para uma determinada peça mas servirão para
outra. Tudo se aproveita!

Com um trabalho a tempo inteiro, as poucas horas livres são dedicadas a esta paixão. Não obstante a estas duas actividades, já surgiram outras oportunidades. Uma delas consistia
na realização de workshops na área da bijuteria mas dado que a sua vida
profissional e pessoal é extremamente ocupada, não pode aceitar esses pedidos e
tem que fazer cedências. O pouco tempo que lhe sobra é para modificar e inovar
o layout do seu site (que foi todo
feito de raiz por si) e postar novas informações no Facebook.

Mesmo antes, deste projecto ser conhecido, e de se dedicar somente à colecção mais vintage, já realizou à experiência, uma pequena feira na Vila da Guia, em Pombal. Recebeu, também, uma proposta para
participar nas Feiras Francas no Porto, uma oportunidade que deseja um dia
concretizar, assim que conseguir equilibrar o seu tempo.

Actualmente, está a preparar a nova colecção Primavera/Verão. Ainda não conseguiu postar nada relativamente a isso, por que enquanto tiver pedidos pendentes, não se pode dedicar
totalmente à criação de novos artigos. Contudo, deixa ficar uma mensagem às
suas fiéis clientes e seguidores de que o look vintage se manterá, mas surgirá com alguma cor e mais florido…
Peças mais alegres e com tons mais quentes para o Verão. E mais não pode dizer,
é surpresa (sorrisos).

Já perto de terminar o nosso artigo sobre esta jovem bem empreendedora e muito talentosa, perguntando-lhe qual o balanço que faz ao percurso do seu
projecto, como avalia o seu desempenho, como lida com o sucesso e quais os pontos
positivos, negativos e melhorias para o futuro.

Marisa considera-se uma sortuda e privilegiada em todos os aspectos e não cria perspectivas delineadas no tempo. Os pedidos seguem consoante os gostos das clientes, a moda, as
tendências… Por enquanto está satisfeita com o sucesso e aceitação que tem
tido. Tem a sorte de ter clientes maravilhosas que a ajudam imenso, que
compreendem o tempo de espera, que opinam, aconselham e recomendam o seu site.
Muito do que tem hoje, deve-lhes a elas e é por esse motivo que de vez em
quando, faz sorteios das peças que cria.

O seu objectivo a curto prazo passa por conseguir terminar todos os pedidos e publicar a nova colecção. A longo prazo gostava de começar a fornecer para outras lojas e, quem sabe,
fazer desta realidade/sonho, a sua profissão.

No meio de todo este trabalho, reitera o papel fundamental que a Internet tem para o “passa-a-palavra”, mas aponta alguns contras... Como por exemplo os trabalhos
ficarem disponíveis para um grande público, tanto para os que querem
adquirir/apreciar, como para os que pretendem ter uma atitude mais desleal para
com os autores. É uma faca de dois gumes a que todos os artistas e criadores
estão sujeitos, sobretudo para aqueles que não têm a possibilidade de registar
as suas criações. Diz que é bom conhecer outros artesãos e os seus trabalhos,
pois revigoram a inspiração, mas mais importante ainda e atesta, “é bom
RECONHECERMOS o seu trabalho e os seus direitos de criação”.

Para concluir, perguntamos-lhe que mensagem gostava de transmitir aos consumidores, clientes, e seguidores do seu trabalho, ao que nos respondeu com um simples apelo: “valorizem
o artesanato a nível nacional (e não me refiro especificamente ao meu trabalho)
mas tenham atenção ao que compram, apreciando os detalhes, a qualidade e
sentindo em cada peça o amor com que cada peça foi criada, dando confiança ao
que é nosso”.



[i]Palavra derivada de Craft, significa A Arte, Força, e é um termo muito usado no paganismo moderno, para definir a religião Wicca ou outras vertentes, e também para falar de magia, não específica,
mas magia num todo. É, também, uma palavra frequentemente associada com
“artesanato”, relacionado a realizar coisas com precisão e destreza, ou a mão.

[ii] É uma moda retrógrada, uma recuperação de estilos dos anos 1920, 1930, 1940, 1950 e 1960. O resgate da
moda pin-up é um excelente
exemplo de “moda vintage”. Mas, também,
sendo usada noutras épocas  a Moda vintage é um estilo único. Vintage não é tendência, por isso, nunca
sai da moda.

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