2012.05.19

Gâmbia – Praia de Bijilo.

A pesca

Deve ser uma da tarde. A faina é sempre a mesma. Também ao sábado. Na praia conto doze pessoas de um lado e treze do outro. Algumas serão meros mirones, mas a maioria puxa já as redes de ambos os lados. Mais, muitas mais, virão mais tarde. Turistas com as suas câmaras fotográficas, mas também mulheres, mais velhas, e crianças. As mulheres trarão alguidares e baldes na esperança, sempre na esperança nem sempre conseguida de uma boa pescaria. Assistimos já a duas pescarias. Na primeira, apenas um molequinho corria com dois caranguejos na mão. Corria tão atabalhoadamente que um deles ao escapar-se-lhe da mão quase se fazia de novo ao mar. Na segunda, o maior peixe, cujo nome não fixei, disseram-me pesar cerca de oito quilos. O total seria de uns trinta quilos. Pouco, muito pouco, para uma empreitada com tantos participantes. O barco parte sempre do mesmo lado. Do norte, à direita, numa praia imensa, mesmo de frente ao nosso hotel. Fica uma ponta da corda da rede segura por uns quantos, enquanto outros no barco remam apressadamente para o sul, tudo isto a uns escassos cento e cinquenta metros da praia. Fazem um rápido cerco de rede aos poucos peixes que nadam distraídos junto à costa. O fechar do cerco é impressionante, dado o apressado com que remam e lançam o último pedaço de rede já de regresso à costa. Ao mesmo tempo, cada onda depara-se-lhes como um obstáculo adicional. O vento parece soprar sempre de sul. O ponto de partida e aquele de chegada distarão uns escassos trezentos metros. Já na praia, e com o puxar das redes, as duas pontas em breve estarão juntas pelas gentes. A profundidade da água ao largo da costa não é grande, pelo que este tipo de pesca é possível com rede comprida mas pouco larga. Terá passado cerca de uma hora. Será meio-dia solar. Não há sombra. Felizmente não está tão quente quanto nos dias anteriores. Talvez por isso, e pela maré, claro, tenham antecipado a pesca de hoje. A rede está quase toda recolhida. Vou até lá. Não quero perder as boas fotos.

Paulo Almeida