O festival de cinema independente de Lisboa está de volta para a sua 14ª edição e traz centenas de obras nacionais e internacionais, dos realizadores conceituados aos estreantes.
O início dá-se dia 3 de Maio, e a cerimónia abertura está a cargo da última longa-metragem de Teresa Villaverde, Colo, que esteve presente na competição oficial do último festival de Berlim. A encerrar, dia 14, o aclamado documentário I am Not Your Negro, sobre e com James Baldwin, o importante escritor americano. Através das palavras do escritor, particularmente do livro inacabado Remember this House, e com narração do actor Samuel L. Jackson, percorre-se a problemática racial na sociedade americana nos últimos anos.

Mas entre dia 3 e 14 de Maio há muito mais para descobrir, nas diferentes secções do festival.

SILVESTRE

A secção Silvestre, que apresenta obras arrojadas de nomes estreantes e consagrados é um dos marcos do festival e este ano volta a trazer várias propostas aliciantes.
Regressam ao festival o americano Alex Ross Perry e o francês Jean Gabriel Périot (homenageado na edição passada com retrospectiva integral). O primeiro com a sua mais recente longa, Golden Exits, o segundo com a sua primeira longa-metragem de ficção, Lumières d’Eté. O destemido documentarista Michael Glawogger faleceu em 2014 com malária, enquanto viajava pelos Balcãs, Itália e norte e este de África a filmar para o seu próximo filme. A sua editora, Monica Willi completou o filme, Untitled, agora apresentado em Portugal pelo Indie.

 Destaque ainda para Scarred Hearts do romeno Radu Jude (vencedor da competição internacional há dois anos com Aferim!), The Dreamed Path da alemã Angela Shanelec ou ainda Hermia & Helena, do argentino Matias Piñeiro, que continua a reler a obra de William Shakespeare e trazé-la para o presente, neste caso, O Sonho de Uma Noite de Verão é transposto para a Nova Iorque do Presente.

HERÓIS INDEPENDENTES

O festival já fez da homenagem aos realizadores icónicos do cinema independente uma tradição. Este ano, as figuras em destaque são o francês Paul Vecchiali e o americano Jem Cohen.

Com uma carreira de cinco décadas e mais de cinquenta filmes na filmografia, Paul Vecchialli tem obra diversificada nos mais diferentes géneros cinematográficos, do policial ao fantástico, passando pelo melodrama. Foi colaborador da revista Cahiers du Cinéma, produtor de Jean Eustache e criador da produtora Diagonale, considerada pelo realizador Serge Bozon como a última grande escola de cinema francesa depois da Nouvelle Vague.

Também actor, argumentista, escritor, crítico, produtor, encenador, Vecchiali nutre uma verdadeira paixão pelo cinema, sobretudo pelo cinema francês da década de 30, que dá forma a toda a sua obra. Sem medo de experimentar, admirador confesso do trabalho com os actores, este realizador francês criou um percurso único dentro da sétima arte, recentemente recuperado (sobretudo após a homenagem da Cinemateca Francesa em 2002). Nesta retrospetiva do Indie, em parceria com a Cinemateca Portuguesa, onde decorrerão todas as sessões, vão ser exibidos 17 filmes que mostrarão o ecletismo e arrojo de Paul Vecchiali, que estará presente a partir de dia 8 em Lisboa para acompanhar as sessões.

Jem Cohen, realizador e artista, já marcou presença em edições anteriores do festival, bem como no Curtas Vila do Conde. Composta por 14 filmes (que vão de 1996 a 2017), esta retrospectiva dedicada a uma das vozes mais originais e marcantes do cinema independente americano, será igualmente acompanhada pelo realizador, que fará também um encontro onde discutirá a sua obra.

Com uma ligação com Nova Iorque e o seu mundo underground, o dos artistas e das figuras anónimas também, Cohen acompanhou a explosão da cena punk. O seu cinema tem a mesma urgência e espírito poético desse movimento musical, ao qual ele dedicou alguns dos seus filmes. Filmada a um ritmo muito próprio, e verdadeiramente experimental em alguns momentos, a obra que se vai dar a descobrir nesta homenagem mostra um verdadeiro espírito independente, capaz de olhar com perspicácia e originalidade para o mundo.

COMPETIÇÃO INTERNACIONAL E NACIONAL

A competição internacional apresenta 12 obras de realizadores estreantes ou novatos. Destaque para o regresso de Jorge Cramez, que após a estreia com O Capacete Dourado, a sua primeira longa, em 2007, apresentará Amor Amor, o único filme nacional na competição internacional. Das longas internacionais, El Auge Humano, Ciao Ciao, El Mar la Mar e Werewolf já vêm de outros festivais com boas críticas no currículo.

A competição nacional traz a estreia mundial de seis filmes portugueses, entre os quais o mais recente documentário de Susana Sousa Dias, Luz Obscura.

INDIE MUSIC

A secção Indie Music toma a música como o seu centro, e nesta edição 14 documentários darão a descobrir o pulsar de artistas e bandas de todo o mundo, incluindo os Oasis, Sleaford Mods, Frank Zappa ou ainda Tangerine Dream.

DIRECTOR’S CUT

A história do cinema é o foco desta secção, que traz este ano uma sessão especial do filme de culto On the Silver Globe, de Andrzej Zulawski, o primeiro documentário do vocalista dos Tindersticks, Minute Bodies: The Intimate World of F. Percy Smith e uma nova curta de Mark Rappapport. Mas há também sessões especiais na Cinemateca dos clássicos O Crime da Aldeia Velha, de Manuel de Guimarães, Les Dames du Bois de Boulogne, de Robert Bresson, Fitzcarraldo, de Werner Herzog e ainda O Testamento do Dr. Mabuse, de Fritz Lang.

BOCA DO INFERNO

A secção dedicada aos sustos e arrepios, terá uma sessão para os mais corajososos que decorrerá noite dentro no cinema Ideal. São sete horas de cinema, dia 6 de Maio, das 23h às 6h da manhã.

Nesta secção destaque para o novo filme de Ben Wheatley, Free Fire, Prevenge, de Alice Lowe e Grave, o polémico filme de Julia Ducornau que colocou alguns espectadores a desmaiar e vomitar em pleno filme em várias sessões mundo fora.

INDIE JÚNIOR

Os mais pequenos também têm programação neste festival, com várias sessões de curtas a eles dirigidos, além de actividades paralelas como ateliers e ainda uma festa, a Festa do Bairro Indie Júnior, a decorrer dia 7 nos jardins do edifício sede da Caixa Geral de Depósitos.

Consulte a programação completa do festival, aqui

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