O nome da feira não podia ser melhor: Ávinho. Há muito vinho e pode prová-lo à vontade. Mas também há animação, petiscos e fados. Uma festa ribatejana para todos os gostos.

É dia 15 de Abril e está uma noite quente, perfeita para festas. Logo à chegada a Aveiras de Cima, no concelho de Azambuja, o ambiente começa a contagiar. Quem passa traz na mão uma caneca de barro, alusiva à feira. Quer se seja apreciador do vinho ou não, é imperativo levar uma destas como recordação.




O primeiro passo é dirigir-se até à banca, que fica ao lado palco, e adquirir a caneca por 2 euros.
E agora vem a boa notícia: durante o resto da noite, pode enchê-la à vontade, as vezes que quiser. É que 15 adegas da vila abrem as suas portas nestes dias, para que possa provar o vinho que produzem. Mas atenção: vamos lá conter-nos, porque ainda agora começou a noite, e não queremos ir para casa maldispostos.


Ao chegar à zona do palco, o movimento parecia fraco. Mas depois fica-se por lá um pouco e, quando notamos, já estamos contagiados, a cantar músicas portuguesas em coro.
Não há melhor do que a música nacional para fazer nos fazer “vibrar”. E o “bailarico” começa. Tanto os mais velhos como os mais novos não resistem a um pezinho de dança.



O concerto acaba mas a festa está só a começar. É hora de nos aventurarmos pela vila. Vamos procurar as adegas e os fadistas.
Mas antes disso vamos observando o que nos rodeia. Não dá para ficar indiferente à decoração das ruas. Nas janelas, nas varandas, nas adegas. A decoração é alusiva à terra, às suas actividades e tradições. A pipa do vinho convida-nos a entrar e provar. As carroças, o homem a sulfatar, mostram-nos um pouco do que é o trabalho no campo. Os xailes estendem-se nas janelas, e recriam-se momentos, em homenagem ao fado. Ao percorrer as ruas respiramos a identidade desta terra ribatejana.



Depois de dar a devida atenção à decoração das ruas, é tempo de ir provar o vinho. Além do néctar, as adegas oferecem informação sobre as suas produções e, também aqui, o aspecto visual convida-nos a ficar mais um pouco.

 


Agora vamos à procura do fado. Existem dois grupos, que começam em zonas diferentes da vila. Vão parando em cada adega para nos brindar com a sua arte.
O interessante é encontrar um grupo e segui-lo. E quando os grupos se cruzarem, seguir o outro. E assim vamos na comitiva, atrás dos fadistas, cheios de boa disposição.



Apagam-se as luzes e pede-se silêncio, que se vai cantar o fado. Um estilo de música que, sem dúvida, é para ouvir calado. É para sentir. E lá começa a guitarra a chorar. Tem um som maravilhoso. À vez, cada fadista vem presentear-nos com a sua voz e, mais importante, o seu sentimento. Em fados de amor, em fados sobre a sua terra, em fados sobre o fado.
Ocasionalmente juntamo-nos ao coro, a pedido do fadista. E assim, todos participamos nesta tradição.

 

 

“Ahh fadista!” É o que se ouve. E há fadistas sim senhor, e guitarristas também. Dos verdadeiros, dos castiços. Daqueles quem vêm cantar e tocar sem palco, ali junto de quem os ouve.
E como não podia deixar de ser, no final há sempre uma guitarrada. Começa melancólica… faz-nos arrepiar e ficamos com um nó na garganta. E depois, vai crescendo, crescendo, e já batemos o pé. E o guitarrista cada vez mais rápido, mais ágil com as cordas. E só quando se ouve o remate final é que percebemos que não estávamos a respirar.

 



Só é de lamentar alguns momentos de ruído que se deram à porta de uma das adegas. É que um indivíduo embriagado conduzia um cavalo pela vila, enquanto era perseguido pela Guarda. O alvoroço atrapalhou um pouco os fados, mas quem conhece este tipo de festas, já sabe que há sempre episódios deste género. Não teria a mesma graça se assim não fosse. Não sei qual foi o destino do homem ou do pobre animal, que estava visivelmente assustado, mas deixo votos de que se encontrem de saúde e, no caso do homem, curado da “bebedeira”.

No dia 16, Sábado, foi dia de Homens da Luta. O dia que “encheu” realmente Aveiras de Cima. São mesmo um grande sucesso, pois era impossível circular na Vila.

Depois do concerto volta-se novamente às adegas, e uma banda vem a tocar pelas ruas. Infelizmente hoje já não há fado.



Mas para o ano há mais… Ávinho, fados e animação… e mais uma caneca para juntar à minha colecção!

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Comentário de Luis Marques Cotonete em 26 Abril 2011 às 17:42
O artigo não deixa de ser interessante, mas é enooooooooooooooooooome e várias vezes estive para passar adiante.
Comentário de Antonio em 26 Abril 2011 às 17:12

Gostei da descrição e fiquei com pena por não ter ido. Se tivesse tido conhecimento desta feira não teria perdido a Festa. Ana, para a próxima divulga aqui na agenda que o pessoal agradece:)

Obrigado

 

Comentário de Filipe Amorim em 26 Abril 2011 às 17:00
Grande festa do Ávinho! Também estive lá e adorei! Para quem gosta deste tipo de festas, aconcelho a Feira do Vinho no Cartaxo a decorrer do dia 28 de Abril até ao dia 1 de Maio! Eu estarei lá, e vocês? Visitem!

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