A Associação Cultural “Unhas do Diabo”, desde a sua fundação, confronta-se constantemente com uma questão que é por quase todos colocada: “porquê Unhas do Diabo?” A resposta afigura-se-nos fácil ao explicarmos que temos por “padrinho” uma lenda de Ponte de Lima, que segundo as crónicas aconteceu no espaço do actual Museu dos Terceiros, antigo convento da Ordem Franciscana, fundado por um nobre fidalgo de seu nome D. Leonel de Lima, para aí acolher os seus restos mortais bem como rezarem “ad aeternum” pela sua alma.

“UNHAS DO DIABO” é uma lenda de Ponte de Lima que conta a história de um escrivão desonesto, usurário, falsificador de documentos, que durante a sua vida arruinou clientes, seduziu inocências e difamou quem vivia livre de qualquer suspeita e que ao ver a morte chegar arrepende-se chamando um sacerdote. No dia do enterro, durante a noite, depois do sino tocar as doze badaladas da meia-noite, chega uma figura sinistra ao convento onde fora sepultado…

À reacção inicial de incredulidade perante o relato dos acontecimentos segue-se a percepção da mística, a força de uma história fantástica, diabólica mas ao mesmo tempo justiceira que a todos acaba por seduzir.

A Associação, ao estabelecer o plano de actividades para 2012, confrontou-se com a realização da IIª edição do RUARTE – Festival de Teatro de Rua de Ponte de Lima, em parceira com o Município e a necessidade de conceber um espectáculo de abertura do evento que constituísse um marco no teatro de rua em Ponte de Lima. Após uma fase de ponderação de várias possibilidades, afigurou-se-nos como natural a adaptação da lenda para as características do teatro de rua, constituindo sem margem para dúvidas, uma oportunidade única de a tornar conhecida do grande público e dar-lhe as honras de abertura de um evento que já começa a ter projecção nacional.

A encenação, mais uma vez, está a cargo de Dantas Lima, que concebeu uma estrutura dramatúrgica digna de um desafio de “Ulisses”! Para além do grupo de teatro “UNHAS DO DIABO”, contamos com um conjunto de parcerias fundamentais que irão, com certeza, tornar a representação única, tentando, desta forma, envolver a comunidade bem como desafiar instituições que tradicionalmente não têm por ofício o Teatro, numa tentativa de criar linguagens novas, mais apelativas e emotivas (GACEL, GORILAS, CORO ACADÉMICO DA UNIVERSIDADE DO MINHO e ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO E LAZER DO INSTITUTO POLITÉCNICO DE VIANA DO CASTELO).

Uma última palavra para o público, que não foi esquecido. Sendo esta peça um desafio para todos os que nela participam, também constitui um desafio para o público que assiste, na medida em que vai ser solicitada a sua colaboração como actores empenhados no decorrer da representação!