Cheguei ao meio-dia debaixo de um sol radioso. O mesmo sol que tem andado afastado e que há tempos que não nos presenteava num fim de semana, iluminava o rio e, consequentemente, os nossos sorrisos. Soube naquele momento que não podia ter escolhido dia melhor para uma experiência "Altis Belém"....o dia era especial, o sol aceitou o convite e a lua mais logo não iria querer  ficar atrás do astro-rei.

A recepção foi calorosa. A frequência "business" poderia confundir sobriedade com frieza mas não, nada disso. Os funcionários são jovens, simpáticos sem deixarem, contudo, de ser eficientes. Depois dos formalismos habituais, levam-nos até ao quarto. Um corredor negro  à meia luz, ou melhor, "à luz nenhuma" dá espaço a vários quartos, todos eles baptizados com nomes de paragens, outrora lusas.O design anda abraçado ao conforto e não se desliga dele em nenhum instante. O nosso quarto é único, dizem-nos. Torna tudo ainda mais pessoal, intimista e nem as linhas mais minimalistas quebram esta atmosfera de quem nos recebe "na sua casa".

Cabo Verde é o seu nome. Água,Verde, África dominam este altar de aconchego onde as almofadas são rainhas. Muitas. E cada uma melhor que a outra....e ainda há um menu ...para escolher...mais almofadas! 

A casa de de banho, com linhas elegantes e modernas, parecem ser a ante-câmara para o que nos esperava mais logo no B-SPA. O leite corporal de citrinos ou o gel duche com canela são alguns dos mimos que esperavam por nós.

Mas Africa, mesmo em Belém, tem de cheirar a café...e o que é que poderia ser melhor do que ter a nossa própria Nespresso no quarto?

Pois... nada melhor...a qualquer hora, em qualquer momento...escolhemos uma cápsula colorida e voilá...mas...não?!...não aparece o George Clooney!? Pois, tinha que ter um defeito...

Depois da exploração ao quarto...o sundeck chamava por nós...uma vista única sobre o Tejo: à direita, a Torre de Belém, a Marina e à esquerda o Padrão dos Descobrimentos...os navegadores olham para outra margem indiferentes à multidão de  turistas..a ponte 25 Abril ao longe, o Cristo, e milhares de barcos e barquinhos que se passeiam pelas águas turvas sem querer perder um minuto de sol...

Um conjunto de espreguiçadeiras rodeiam uma piscina estreita mas convidativa. O sundeck está só para nós e o silêncio , a paz que se sente cá em cima, contrasta com o bulício em baixo, dos restaurantes e esplanadas à beira-rio.

A Torre de Belém, extremamente requisitada naquela hora do dia, impõe-se orgulhosa da posição privilegiada!

Depois da caminhada e do almoço à beira rio,regressámos ao sundeck  onde tínhamos prometido voltar para umas horas de tranquilidade, leitura e puro disfrute deste espaço tão enquadrado na paisagem...

No final da tarde o B-SPA esperava-me para uma relax massage...mas antes, a piscina interior aquecida rodeada de velas,o chá quente nas espreguiçadeiras, o roupão macio que me envolvia, a humidade da sauna, transportava-me para um ambiente tropical. O corpo agradece e a cabeça também. Chega a terapeuta...num tom baixo e suave pergunta se estou a gostar e se a posso seguir a uma das salas de massagem: meia luz, aromas exóticos, sons que embalam. "A temperatura e a luz da sala estão do seu agrado?". "Então, relaxe."

Depois de "viajar" para outras paragens através dos óleos naturais e das mãos de fada da Gisela, voltei a vestir o meu roupão Altis e regressei ao "Cabo Verde". Esperava-me um banho quente neste mini-spa que habita cada quarto do Altis. Demoro. Como é bom demorar no banho. Sem pressas, horas marcadas. A noite prometia com a lua gigante. A maior dos últimos 20 anos. Antes dos Cosmopolitans à beira rio no bar 38º41'...quisemos subir mais uma vez ao sundeck para uma vista deslumbrante, um pôr-do-sol,uma lua gigante. Ela nascia corada, bolachuda por detrás da ponte.

Subia lentamente, ganhando brilho e iluminando o rio como nunca. Parecia vigiar o movimento do rio com um largo sorriso. Os turistas paravam neste lusco-fusco boquiabertos a olhar para ela...e nós? Nós também.