Terminado o Super Bock Super Rock, é tempo de avançar para a próxima etapa, o Optimus Alive. Entre 13 e 15 de Julho, há um festival para inglês ver, a julgar pelo cartaz. Esperam-se mais de 15 mil estrangeiros, na sua grande maioria ingleses. Vejamos então o onze inicial e banco da selecção inglesa:

1. Radiohead Só por si, vendem um festival inteiro. Os Radiohead são uma espécie de Apple da pop, com um índice de credibilidade e sofisticação que faz deles a banda preferida dos que habitualmente frequentam a SCUT intelectual entre o Príncipe Real e o Cais do Sodré. Os últimos dois álbuns nem merecem esse termo porque são apenas um motivo para criar buzz em que as canções pouco importam. É possível que muitos dos que compraram bilhete já estejam a preparar o saco lacrimal para se emocionarem com Creep. Pelos alinhamentos recentes, não é provável que toquem o hino de quando eram apenas a melhor banda da próxima semana para o NME. Se decidirem surpreender, é desta que o festival vem abaixo. O concerto em Coachella

2. Florence + The Machine Mudar de opinião é bom quando não há motivações duvidosas. O primeiro álbum de Florence + The Machine ganhava com um contexto de assalto feminino ao poder (La Roux, Little Boots e Marina & The Diamonds formavam uma espécie de aliança não premeditada) mas perdia se dissociado desse momento. Há dois anos, o palco secundário do Optimus Alive ainda só comportava dez mil almas e foram muitas as que cantaram You've Got The Love e Dog Days Are Over. Nenhuma gritou tão alto, porém, como a própria Florence, então uma voz descontrolada qual Celine Dion a afundar o Titanic. A própria confessou que se embebedava frequentemente na digressão anterior e não é à toa que regressa a Algés com estatuto reforçado. Ceremonials é um belíssimo álbum pop de contenção de excessos mas igualmente expressivos. Pelo menos, emoção não vai faltar. O vídeo de Breaking Down

3. The Cure Três horas de Cure não são três horas de Bruce Springsteen, por muito que o capital histórica da banda de Robert Smith permita uma duração de espectáculo tão atípica. Quando já pareciam reduzidos ao rótulo de "banda dos anos 80" eis que um concerto no Pavilhão Atlântico, em 2008, juntou as turmas do 9ºC da António de Arroio de 78 a 89. Um novo fôlego para os Cure em Portugal que legitima um desfile de hinos cinzentos. É uma incógnita o resultado deste teste de stress mas tal como Pedro Abrunhosa já devia ter tirado os óculos, Robert Smith já podia ter deixado o estojo de make-up em Crawley. The Cure no festival Pinkpop

4. Stone Roses O mundo não precisava do regresso dos Stone Roses mas as 75 mil pessoas vezes três em Heaton Park, Manchester, há semana e meia defendem-nos em casa. Se há cabeça-de-cartaz no Optimus Alive que não tem dimensão em Portugal, são eles que só gravaram dois álbuns e apenas um é relevante, o primeiro. Há outra forma de ver a questão: em Inglaterra os Stone Roses são gigantes e essa grandeza é suficiente para legitimar umas férias com música em Lisboa. As descrições sobre a digressão que os ressuscita são agradáveis: até este texto ter sido escrito, Ian Brown só tinha insultado o baterista. Ainda assim, e dado o vazio de significado para cá, tudo o que for menos do que um concerto trágico é uma perda de tempo. Mesmo com um Fool's Gold e um I Wanna Be AdoredOs Stone Roses em Manchester no mês passado

5. Katy B O dubstep no feminino tem um nome: Katy B. Antes de gravar um primeiro álbum médio, On a Mission, já era requisitada por gente como Magnetic Man e Count & Sinden para dar voz às suas produções. Foi assim que esta licenciada em música popular ganhou o seu espaço na cultura britânica de clubes mas fruto da escassa paciência dos hipsters para com artistas com mais de seis meses de longevidade, o estado de graça parece ter terminado. Calma, é só um disco maneirista dentro do dubstep vocal, que pouco arrisca mas também não choca. Katy B e Miss Dynamite em Lights On

6. The Kills Os Kills têm um rim americano, o da vocalista Alison Mosshart, e por estes dias são tão conhecidos pelas canções rock descarnadas e minimais como pelo facto do guitarrista Jamie Hince ser casado com aquela que é ainda hoje uma das heroínas inglesas: Kate Moss. Há muito que não vêm a Portugal e mesmo que Blood Pressures, do ano passado, não seja o melhor exemplo da sua já respeitável discografia, costumam fazer dos concertos momentos inesquecíveis de tensão. Os que se excitarem mais podem sempre tirar o "n" sem se preocuparem muito. Mosshart é um belíssimo objecto de desejo e a música dos Kills um excelente propulsor de sexo selvagem. O vídeo de Good Ones

7. The Kooks No ano passado, Ricky Wilson dos Kaiser Chiefs abandonou o palco e bebeu uma cerveja no recinto durante o concerto. Um número de circo necessário para as pessoas se esquecerem que os Kaiser Chiefs só fizeram um álbum realmente bom mas que continuam a dar bons concertos. A imagem de banda cervejeira não é, porém, exclusiva. Os Kooks também trabalham nesse pelouro pelo que não vale a pena lembrar que retiraram o nome de uma canção de David Bowie. Os brutalhões de Brighton já perderam um baixista por dependência de drogas. Agora, fazem música que incita ao consumo. Não por acaso, têm um álbum chamado Junk of The HeartO vídeo de Junk of the Heart

8. Tricky Vir sem Martina Topley-Bird significa que Tricky já não vai recuperar esse diamante trip-hop de meados da década de 90 que foi Maxinquaye, álbum que só não é mais importante para a música de Bristol porque em 1991 já tinha saído o seminal Blue Lines, dos Massive Attack (onde Tricky também participa) e três anos depois o disco de estreia dos Portishead. De Tricky tudo se pode esperar, desde amuos a noites inesquecíveis como uma no Coliseu dos Recreios em 1996. Uma certeza: haverá fumo no ar. Se isso será suficiente para inebriar o palco Heineken, é outra questão. O vídeo de Overcome

9. Miles Kane Nem tudo pode ser mau, não é? Miles Kane tem um óptimo disco que não é todo dele. Quando em 2008 partilhou a aventura Last Shadow Puppets com Alex Turner dos Arctic Monkeys, ganhou um lugar na história da pop recente para guitarras. Era um disco de grandes canções, evocativas de Scott Walker ou dos Smiths, que iriam contaminar parte do futuro imediato dos Arctic Monkeys. A sua banda de então, os Rascals, já acabaram mas o álbum a solo Colour of The Trap é jeitoso. Se houver paciência para o ouvir às 6 da tarde de um domingo que se prevê solarengo, a coisa até se pode dar. O EP First of My Kind

10. Metronomy Os Metronomy são das bandas que mais contribuem para o Soundcloud ser tão popular. Como os Rapture ou os Friendly Fires gostam de rockar a pensar em música de dança. Esse híbrido é ideal para alimentar remisturadores - não por acaso, há um álbum inteirinho de releituras em que participam Benoit & Sergio, Breakbot e Ewan Pearson, entre outros - que põe canções como Heartbreaker a rodar por outras pistas que não apenas os palcos. Estiveram no ano passado em Paredes de Coura e apesar de The Look, o disco, não ser tão bom como parece, é o tempo certo para conhecer a riviera inglesa. O vídeo de Heartbreaker

11. SBTRKT O derradeiro do onze e o melhor. Com a Internet, as redes sociais e a partilha, é mais difícil guardar segredos e uma canção como Wildfire quase anula esse efeito mas se há alguém que merece que a sua música chegue longe é Aaron Jerome, o produtor que assume o pseudónimo SBTRKT (lê-se Subtract). E esconde-se mesmo porque ao vivo usa uma máscara que preserva o seu anonimato, qual Banksy a pintar ao vivo. Na sua oficina, faz-se música pop de tronco dubstep, inspirada por algum house de Chicago, UK Funk e gente como Goldie ou os Underworld. No enquadramento do cartaz, é uma espécie de Theo Walcott. Uma arma secreta que se espera que não se lesione. O vídeo de Wildifire

Banco de suplentes

12. Snow Patrol Os Snow Patrol são uma espécie de Michael Owen do cartaz. Começaram por ser uma promessa, rapidamente escalaram as escadas do sucesso mas deixaram deslumbrar-se, tal como Owen quando foi para um Real Madrid cheio de estrelas e não jogou. Os Snow Patrol foram grandes quando escreveram uma balada tão chatinha como Run, quiseram ser maiores depois de abrirem uma digressão dos U2 e agora são uma espécie de Coldplay de segunda. Jogam na mesma posição mas nao são titulares. Vinte minutos depois de começarem, há LMFAO no palco Heineken. É capaz de ser mais divertido. O vídeo de Run

13. Mumford & Sons Na teoria, a contratação dos Mumford & Sons é muito bem conseguida porque se há banda que tem tratado bem dos escuteiros ingleses, são eles. Pena é que as canções sejam tão aborrecidas e que tenham inaugurado um novo género: o nu boring que tem como nome de cartaz Adele. Não invalida que se trate de uma das estreias mais aguardadas em Portugal e com um segundo álbum à porta, é bem provável que acabem por regressar. À mesma hora, estão a tocar os The Antlers o que faz da hora um óptimo pretexto para jantar. Os Mumford & Sons com Bruce Springsteen

14. The Maccabees Nos anos 90, havia um complexo associado às bandas britânicas que não tinham pujança para atravessar o Canal da Mancha e isso acontecia porque nomes como os Rialto ou os Bis eram endeusados pela imprensa local mas falhavam a internacionalização. Os Maccabees são uma das bandas preferidas de Morrissey porque soam ou soavam como Morrissey em Suedehead e You Are The Quarry mas sofrem desse problema, pelo que só o direccionar do cartaz para o público britânico defende a vinda a Portugal. Sobretudo quando têm um álbum tão medíocre quanto Given To The Wild para mostrar. O vídeo de Pelican

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Comentário de Ana Pinheiro em 10 Julho 2012 às 11:38

I'll be there with my best british accent! ;)

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