É caso para dizer que a Casa das Histórias poderia dispensar este nome, que aliás lhe assenta na perfeição, e ainda assim as histórias fariam sempre parte daquele espaço, levando-nos para um imaginário de confabulações e de onirismo. Ou não fosse este o museu em honra da obra da exímia contadora de histórias, e soberba pintora, Paula Rego, a mais-que-conhecida-e-internacionalizada artista de origem portuguesa, porém de alma universal, conhecida por gostar de ilustrar tradicionais contos portugueses mediante a sua visão peculiar oriunda de uma personalidade complexa, psicologicamente intrincada e interessantemente invulgar.

Mas este museu inaugurado em 2009 na solarenga cidade de Cascais, e perfeito para uma escapadela de fim-de-semana principalmente fora da época alta, foi, obviamente, beneficiado pela arquitectura do recém galardoado Eduardo Souto Moura que conseguiu conceber um edifício fantástico à luz do dia, com um aproveitamento insigne dos seus deliciosos espaços verdes oferecendo uma paleta cromática de características contrastantes entre o seu interior de cores neutras e o seu exterior de um rosa forte a conseguir furtar todas as atenções, como também o soube tornar envolvente no lusco- fusco até conhecer o apogeu do enigmático com a despedida por completo dos raios de sol.

É um espaço perfeito para os amantes do lazer e da cultura. Ver as suas exposições e terminar com um lanche na sua cafetaria de decoração original, enquanto se ocupam cadeiras no seu jardim apaziguador, é o ideal, mas a cereja no topo do bolo só se alcança com uma visita à livraria não resistindo a uma peça de merchandising que esta loja oferece e cuja qualidade e sortio, digo já, torna difícil a escolha.

Mas quem dispensa a parte cultural pode sempre dar um mimo ao seu lado do lazer e usufruir somente do jardim envolvente, pondo a conversa em dia, espalhando risos e levando consigo a vontade de voltar.