PASSEIOS (cá dentro): Entre as muralhas de Évora

Era já noite cerrada quando entrei naquelas muralhas iluminadas que guardam em si tantas memórias. Tinha chegado finalmente a Évora, depois de um viagem complicada onde a chuva marcou presença. 

Conta a história que estas terras já foram pisadas por romanos, bárbaros e muçulmanos. Até os pés que pisam esta mesma terra onde estou agora, terem sido os pés dos nossos antepassados lusitanos, muito se passou por estas bandas.

 

 

Mas não foi para falar disso que vim aqui. Hoje falo-vos de uma cidade inebriante, que nos embala e transporta para um mundo diferente. Não só porque é repleta daquela imagem medieval tão característica, mas também porque a comida parece ser feita com mãos mágicas e os eborenses envolvem-nos em discussões como se fossemos todos velhos amigos, e não apenas alfacinhas que tiraram um fim-de-semana e escolheram Évora para fugir da correria da capital.

 

 

E com tanto para ver e descobrir, é difícil escolher um ponto de partida. Decidimos traçar um itinerário e palmilhar o máximo que conseguíssemos em dois dias. Começamos pelo Teatro António Joaquim D’Aguiar e pela Rota dos Vinhos do Alentejo (que penso ter sido a única coisa que me desapontou, pois o facto de sermos portugueses levou a um desprezo típico deste tipo de casas que pavoneia os estrangeiros e vê com maus olhos a clientela nacional). Mas este infeliz acontecimento facilmente foi esquecido, enquanto passeávamos pelas ruas e ruazinhas de Évora em busca do Aqueduto de Água de Prata.

 

 

E ali estava ele, a envolver algumas casas, como se a construção do aqueduto protegesse as habitações e essa fosse a sua função primária. Não percorremos todo o trilho do Aqueduto (afinal ainda são 18km), e continuamos a nossa visita. Fomos até ao Largo Conde Flor, pois ir a Évora e não ver o Templo de Diana é como ir a Roma e não ver o Papa!

 

 

E mesmo ao lado demos um olhinho ao Palácio dos Duques Cadaval. Quer dizer não foi bem ao Palácio, porque estava fechado (talvez por ser hora de almoço), foi mais ao jardim que o envolve a ao restaurante que alberga – Restaurante Jardim do Paço.

 

Repleto de quadros “só porque sim”, segundo o empregado que preferia vacas e tinha como hobbie ser forcado. E daí a uma conversa apaixonada sobre forcados e cavaleiros foi um passo. No entretanto, fomo-nos deliciando com Bacalhau em Cama de Espinafres e Plumas de Porco Preto e para a sobremesa não podia faltar um doce típico e delicioso, mas que deve ser comido em poucas quantidades para não enjoar: Encharcada (um conjunto de ovos e açucar tão tradicional dos doces alentejanos).

 

 

E como o vinho, que acompanhou este almoço de comer e chorar por mais, começou a fazer efeito, nada melhor como uma sesta. Imaginem, uma sesta! Pensem lá há quanto tempo não fazem uma sesta. Há anos, certo?

 

Évora não podia ser o melhor sítio para descansar. Tanta paz e comida boa! Também experimentamos o restaurante Grémio, na parte de cima da Praça do Giraldo. Desta vez fomos convidados a experimentar Migas de Espargos com carne de Alguidar e Lombinhos com puré de maça e para rematar uma Sericaia. Estão com água na boca? Eu estou! Entre uma garfada e outra, lá tivemos uma lição de tapetes de arraiolos que são feitos apenas com um ponto e não com dois, como “muitas imitações que andam por aí”, segundo o empregado notoriamente orgulhoso dos seus tapetes.



Explorámos ainda a Praça de Sertório, a Porta Nova, a Praça 1º de Maio, o Jardim Público e mais uns quantos cantos desta cidade tão cheia de pormenores que ficamos rendidos em cinco segundos. À noite, as praças e os largos e os arcos da muralha ainda conseguem ficar mais deslumbrantes. Os cheiros, o sotaque que fica a soar na memória, o sabor… é quase uma passagem para o paraíso.

 

E ai de nós se nos esquecêssemos dos suvenires para o pai e para a mãe! Os doces da Pastelaria Conventual Pão de Rala são um óptimo exemplar das maravilhas dos eborenses. Mesmo que tenham que apanhar uma enchorrada e ficarem a pingar que nem uns pintos, vale a pena experimentar esta maravilha dos deuses que nos faz comer e chorar por mais.

 


Foi um fim-de-semana que soube a pouco, e para recordar ficaram as fotos e a memória. Mas como esta costuma falhar, espero poder voltar em breve para a reavivar (parece-me uma boa desculpa, não acham?).

 

 

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