« São cada vez mais no mercado de trabalho, mas o seu bilhete de entrada para o "maravilhoso" mundo dos que conseguem
emprego tem sido pago, sobretudo, à custa da precariedade. Na última década, o número de diplomados com vínculos
precários - contratos a termo, recibos verdes ou outras formas atípicas de contrato, sem contar com os estágios não
remunerados e os bolseiros - mais do que duplicou.
Eram 83 mil no final do terceiro trimestre de 2000 e no final de Setembro do ano
passado chegavam já aos 190 mil. E é a muitos destes - e a muitos dos que
engrossam os números do desemprego - que a canção dos Deolinda Parva que
sou assentou que nem uma luva. Nas redes sociais, nas escolas, nas
universidades, os mais jovens reviram-se naquele público que, quando há duas
semanas nos coliseus do Porto e de Lisboa ouviu "Já é uma sorte eu poder
estagiar", aplaudiu de pé a voz de Ana Bacalhau....»
A canção dos Deolinda é "um grito de revolta", nas palavras do reitor da
Universidade de Lisboa, António Nóvoa. "É um grito
contra duas ideologias muito marcantes nos últimos anos em Portugal: a
ideologia do capital humano, que trouxe aquilo a que
blogdovalterdesiderio.blogspot.com
designamos a armadilha do diploma, como se o facto de ter um fosse, por si só, um factor de sucesso e emprego - e hoje as
pessoas percebem que não é, e passam de um diploma para outro diploma. Mas também contra a ideologia da precarização -
deste manter as pessoas numa zona cinzenta, do recibo verde, do estágio, da bolsa, sem que lhes seja dada uma
oportunidade de carreira."
Na última década, as fornadas de jovens que saíram do ensino superior mudaram a estrutura do emprego. O peso dos
diplomados no total de trabalhadores por conta de outrém passou de 11,2 por cento em 2000 para os 18,5 por cento no ano
passado. No mesmo período, os não licenciados - a esmagadora maioria dos que trabalham para um patrão - diminuíram 2,1
por cento). O problema está em saber se estes jovens qualificados que entram no mercado de emprego vão ou não
desempenhar funções compatíveis com a sua formação.
« A canção dos Deolinda é "um grito de revolta", nas palavras do reitor da Universidade de Lisboa, António Nóvoa. "É um grito
contra duas ideologias muito marcantes nos últimos anos em Portugal: a ideologia do capital humano, que trouxe aquilo a que
designamos a armadilha do diploma, como se o facto de ter um fosse, por si só, um factor de sucesso e emprego - e hoje as
pessoas percebem que não é, e passam de um diploma para outro diploma. Mas também contra a ideologia da precarização -
deste manter as pessoas numa zona cinzenta, do recibo verde, do estágio, da bolsa, sem que lhes seja dada uma
oportunidade de carreira.
Na última década, as fornadas de jovens que saíram do ensino superior mudaram a estrutura do emprego. O peso dos
diplomados no total de trabalhadores por conta de outrém passou de 11,2 por cento em 2000 para os 18,5 por cento no ano
passado. No mesmo período, os não licenciados - a esmagadora maioria dos que trabalham para um patrão - diminuíram 2,1
por cento). O problema está em saber se estes jovens qualificados que entram no mercado de emprego vão ou não
desempenhar funções compatíveis com a sua formação.»
Tive a sorte de poder ouvir uma das quatro versões cantadas ao vivo de uma das músicas que mais está a ser comentada no
momento...
Nunca me identifiquei tão automaticamente com uma palavra, frase e refrão, ao ponto de pensar: "Esta música foi escrita para
mim"...
A canção foi partilhada, comentada, citada, aplaudida, chorada e transformada em algo que já não se via em Portugal há muito
tempo: um hino de intervenção.
Fica aqui como partilha a letra e o vídeo (versão YouTube do Coliseu)...
Força Parvos!
PARVA QUE SOU
Sou da geração sem-remuneração
E nem me incomoda esta condição
Que parva que eu sou
Porque isto está mau e vai continuar
Já é uma sorte eu poder estagiar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que Mundo tão parvo
Onde para ser escravo
É preciso estudar
Sou da geração "casinha-dos-pais"
Se já tenho tudo, pra quê querer mais?
Que parva que eu sou
Filhos, marido, estou sempre a adiar
E ainda me falta o carro pagar
Que parva que eu sou
E fico a pensar
Que Mundo tão parvo
Onde para ser escravo
É preciso estudar
Sou da geração "vou-queixar-me-pra-quê?"
Há alguém bem pior do que eu na T.V
Que parva que eu sou
Sou da geração "eu-já-não-posso-mais!"
Que esta situação dura há tempo demais!
E parva eu não sou!!!
E fico a pensar
Que Mundo tão parvo
Onde para ser escravo
É preciso estudar
Que Mundo tão parvo
Onde para ser escravo
É preciso estudar
http://www.youtube.com/watch?v=qOKU8ajeIic
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