24 De Abril de 2013

Exposição de B’cartoons, 21h, Galeria Novo Ciclo ACERT

Concerto João Afonso, 21h45, Auditório 1, Novo Ciclo ACERT

Exposição de B’cartoons:

Apresentação

O 25 de Abril de 1974 foi uma gota de esperança, que se transformou numa torrente popular, sindical, partidária. Foi uma Revolução que ganhou vida por si só, ultrapassando os próprios dirigentes da revolução, os dirigentes dos partidos na clandestinidade, e criados então. Levou tempo, até que alguém conseguisse dominar plenamente as rédeas da vida, galopante de então (…)

O humor é o sal da vida humana. Quem diz sal diz mar. Sempre fomos um país de marinheiros, e de anedota. Corremos mundo. Fomos pioneiros da cartografia, das artes de mareagem. Fomos pioneiros na arte de catequizar em nome de Deus, e de censurar em nome do Diabo. E nesta dicotomia temos vivido. Sempre fomos bons cristão, senhores de brandos costumes, obedientes aos impostos e ditaduras. Também temos sido complacentes com o Inferno, deixando que os imbecis, os incultos se assenhoreiem do Poder do Pensamento, implantando Inquisições e Censuras… Como único consolo ficou-nos a arte da anedota. (…)

O Abril é uma explosão de liberdade, de comunicação, e de repente encontramos todos aqueles que estiveram calados séculos, por comodismo, ou por imposição policial, a virem para a praça pública ditar as suas sentenças, as suas críticas… o Humor explode. Os caricaturistas exilados regressam no primeiro avião. (…)

Os artistas que já sobreviviam no humor, dão finalmente asas ao seu humor, aprendendo a rir-se em liberdade, como é o caso de Fred, Fernando Bento, Zé Penicheiro, Baltazar, Miranda, Manuel Vieira, Frei Sousa, Vilhena, MARTINS…

Osvaldo Macedo de Sousa

IN: Abril no Humor. Oeiras: CM, Humorgrafe, 1998

Desenhos de João Martins

Mostra de cartoons políticos da autoria de João Martins é composta por uma selecção de 25 sobre o 25 de Abril, originalmente publicados no jornal A Bola, entre Maio e Dezembro de 1974. 

Associando humor ao desporto esta iniciativa tem por objectivo contar a história do 25 de Abril de uma maneira mais descontraída do que é usual, procurando assim atingir um público alargado. Iniciada há alguns anos, no âmbito de trabalhos académicos com alunos de história da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, a selecção das imagens patentes foi agora revista, enriquecida e trabalhada graficamente, resultando da investigação e escolha de imagens de Natércia Coimbra e Inês Elias e o design de Pedro Matias.

A Bola
Jornal desportivo fundado a 29 de Janeiro de 1945, em Lisboa, por Cândido de Oliveira, Ribeiro dos Reis e Vicente Melo, aproveitando um título cedido pelo Diário de Lisboa. Semanário até 1950, passou a trissemanário até 1989, altura em que passou a publicar-se também ao Domingo. O ano de 1992 ficou marcado pela introdução de cor na primeira e última páginas. No entanto, a maior transformação ocorreu em Fevereiro de 1995 quando A Bola passou a diário, ao mesmo tempo que trocava a o grande formato pelo tablóide, de forma a poder ser lido com maior comodidade. Em Janeiro de 2000, as edições diárias de A Bola passaram a estar disponíveis on-line.

O Cartoonista
João Martins nasceu em Portimão em 1928. Foi funcionário público, na função de fiscal camarário dos jardins de Lisboa. Trabalhou na empresa Regisconta, em part-time, entre 1959 e 1961, como publicitário, decorador de montras e ilustrador do Magazine onde fez as páginas de Humor. Só anos mais tarde se viria a dedicar completamente ao desenho humorístico. Martins, como assinava os “bonecos”, viria a ser o grande cartoonista d’ A Bola, onde trabalhava por altura do 25 de Abril de 1974. Foi ainda autor de desenhos animados como, por exemplo, os primeiros da campanha publicitária da empresa J. Pimenta, ilustrador principal da revista “Parada da Paródia” e, mais tarde, do jornal O Diário. Morreu em Lisboa, em 1981.

Ficha Técnica

Organização: Centro de Documentação 25 de Abril e Centro de estudos Sociais da Universidade de Coimbra

Concerto João Afonso, com participação especial de Rogério Pires

Celebrar Abril com uma voz que, renovadamente, lhe confere autenticidade.

Um encontro povoado universos musicais sentidos de forma comum entre João Afonso e o guitarrista Rogério Pires.

Sinais de afinidades encantos partilhados. 

A marca autoral de ambos e a comum valorização da palavra cantada tornam-se mais nítidas no formato íntimo deste concerto: apenas vozes e guitarras. 

“A Buganvília” é canção que traduz o estado de espírito  para uma viagem  musical e cultural de dois músicos de exceção. Um Carril de Arte com que Rogério Pires, de forma delicada e sensível, aborda as composições a que João Afonso deu interpretações memoráveis.

O cantar de uma língua portuguesa com matizes dos cruzamentos multiculturais que a tornam sublime e de plurais identidades.

Um ”coral de missangas” vividos e imaginados por ambos. Viagens sedutoras onde confluem canções dos magníficos trabalhos editados por João Afonso: “Missangas” e “Outra Vida”. Sensações que só uma verdadeira sintonia, como a deste recital musical, nos consegue aportar.

Enquanto se guarda ansiosamente pela edição do seu novo CD “Sangue Bom” — uma pitanga de verde mar construída como uma narrativa de histórias e mistérios de Mia Couto e de José Eduardo Agualusa com a musicalidade de João Afonso —, um concerto com muitas surpresas com que a ACERT celebrará o 25 de Abril.