VIAGENS (lá fora): Os tons e encostas da vinha suiça

As vindimas na Suíça, país onde quase todos os estados (cantões) produzem vinho. 

Um passeio pelos vinhedos do  estado do Valais (sudoeste), no inicio do Outono ou durante a época das vindimas, é mágico e oferece-nos paisagens e momentos espectaculares. Deixo-vos uma história de uma visita naqueles lugares. As fotos são de outros locais de vinhedo na zona entre Lausanne e Montreux. 


Um passeio pela Idade Média

"Meu pai comprou essa parcela em 1954 e eu nasci em 1956, conta o castelão, acolhendo-nos com Nador, seu enérgico cão São Bernardo. O castelo tinha sido demolido quando de uma das guerras de religião e só sobrou a torre. Começou a ser reconstruído em 1891 e o resto do castelo foi reconstituído em 1969."

Mais abaixo, uma cave de origem foi transformada em museu, com coleções de vinho e de pintura. Tem também uma capela com as cinzas da família e os retratos, incluindo todos os bispos "valesanos", pintados pelo pai de Michel Savioz.

"Meu pai faleceu quando eu tinha 22 anos e assumi ao mesmo tempo que estudava enologia. Queria fazer estágios no estrangeiro, mas minha mãe estava sozinha e precisava de mim aqui. Me deixaram escolher, mas como eu já trabalhava aqui e, de qualquer maneira, era isso que eu queria fazer."


Uma evolução importante

Quando ele comeceu havia 300 produtores de vinho no Valais. Hoje eles são mil e representam 30% da produção cantonal. O restante está nas mãos das grandes cooperativas como Orsaz, Provins ou de grandes negociantes. "Muita gente se deu conta que fazendo seu próprio vinho, eles realizavam uma mais valia."

"Não se pode esquecer que o Valais era pobre até os anos de 1950. Por exemplo, meu avô tinha vários ofícios (hotelaria, criação de gado, vinha). Muita gente também trabalhava na fábrica de alumínio de Chippis."

Depois o cantão se desenvolveu graças ao turismo, à construção de grandes barragens e ao desenvolvimento da vinha.

Nesse setor, as coisas evoluíram muito. "Trinta anos atrás, havia 30% de tinto e 70% de branco. De uns 15 anos para cá, há 55% de tinto", explica Michel Savioz.

Desde a introdução das apelações de origem controlada (AOC), no início dos anos 1990, "o Valais passou a privilegiar a qualidade e isso continua".

O trabalho se profissionalizou, explica Michel Savioz. "Também se faz bons vinhos em Genebra, Vaud e Neuchâtel. Compreendemos que é preciso se adaptar ao clima e que produzindo menos quantidade, a qualidade melhora. É lógico e é bom que seja assim."


Michel Savioz organiza mais de 300 degustações por ano.

Michel Savioz organiza mais de 300 degustações por ano. (swissinfo)

Redescobrir especialidades

Nos anos 1970, o Valais tinha quatro variedades principais de uvas: chasselas, sylvanner, pinot noir e gamay.

"Em 1979, quando assumi a propriedade, meu pai estava entre os precursores porque havia retomado antigas variedades de uvas, no Valais: humagne branco, reze, petite arvine e amigne", explica Michel Savioz. O castelo Ravire produz também hermitage, malvoisie, chasselas, pinot branco, muscat e chardonnay.

"Entre os tintos há uma a velha uva do país, cornalin, mas também humagne tinto, sirah, pinot noire, ancelota e diolinoir."

Homem de tradição, Michel Savioz manteve a composição das uvas , a forma alongada das garrafas em vidro marrom (não mudou desde 1954) e as etiquetas verde claro representando o castelo. "Gozam de mim, mas eu mantenho."


Uma colheita promissora

Neste belo dia de outono, a vindima ocorre em torno do castelo Ravire. Os sete empregados portugueses, cinco mulheres e dois homens, estão colhendo moscatel. "Já é a terceira geração da mesma família. Essas pessoas conhecem bem o vinhedo e também trabalham nisso no país deles."

Ele acrescenta, com um grande sorriso, que 2009 é um ano promissor. A vindima dura entre três e quatro semanas, conforme o ano. Depois ocorrem as colheitas tardias, em meados de novembro, para os vinhos doces à base de uvas murchas.

Nas caves do castelo, cerca de 70% da colheita é vinificada em tonéis de madeira durante dois ou três anos. O restante é engarrafo em agosto ou início de setembro.

"É tarde", reconhece Michel Savioz, "mas quero que os tonéis fiquem vazios o menos tempo possível e, como praticamente só tenho especialidades, podemos deixar envelhecer um pouco mais."


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