Sim, estou a comparar as personagens Juno e Mavis, as duas “filhas” da argumentista Diablo Cody e do realizador Jason Reitman. Uma era a personagem central do filme com o mesmo nome, a outra é a protagonista do “Jovem Adulta”, agora em cartaz.

Fui ver este último no fim-de-semana passado e achei que podia partilhar aqui umas linhas acerca do mesmo. Então cá vai: saí de casa com enormes expectativas. “Juno” foi um filme que me encheu as medidas, não só pelo tema, como pela consistência das personagens, o humor, a banda-sonora, o trabalho de casting perfeito e, sim, até pela simpatia suscitada pelos personagens principais, uma adolescente inteligente a braços como uma gravidez e um namorado quase palerma mas querido. Fui ver “Jovem Adulta” em busca de mais da dose anterior, mas encontrei algo diferente, o que vendo bem, acabou por ser mais enriquecedor…

O filme não oferece, a meu ver, a mesma dose de humor de “Juno”, a mesma inteligência de diálogos ou qualquer cumplicidade com a personagem principal, uma ghost-writer de uma colecção juvenil, divorciada, que decide voltar à sua terra para engatar o ex-namorado quando descobre que ele acabou de ser pai. Mas Mavis, a “encantadora” trintona, é brilhantemente interpretada por Charlize Theron. Veste na perfeição a pele da miúda popular do liceu com uns anos em cima e com alguma dificuldade em perceber que já não é “a dona do mundo”. Com o seu habitual dom, dá corpo a uma personagem patética, faz-nos ficar agarrados ao ecrã durante e até depois do filme acabar, como, afinal, parece ter sido o meu caso. Não saí de lá a cantarolar, é certo, mas saí com a certeza de que não irei perder a próxima surpresa que esta dupla (realizador e argumentista) tiver para apresentar.