Lembram-se daquela altura em que acordávamos muito cedo? Naquela altura em que ainda acordávamos antes dos nossos pais e íamos a correr para a frente da televisão ver desenhos animados? Aposto que sim, bons tempos….
Pronto, há sempre aqueles clássicos que marcam uma geração, e há ainda os que perduram e acompanham varias gerações. Nós encontramos, nem mais nem menos, do que a terra da família Flintstones, Hampi. A sério, aquilo está cheio de montanhas formadas de pedras gigantes, equilibradas de uma maneira que parece ilusão; as próprias pedras têm um formato tao invulgar que parecem tiradas dos desenhos animados.
Há pedras enormes e irregulares em que um dos lados parece bem mais pesado do que o outro, equilibradas num ponto preciso, em cima de uma “mini rocha” de metade do tamanho. Dá a sensação de que alguém esteve a jogar tretris e decorou Hampi com puzzles de pedras por todos os lados.
A familia Flintstone que vivia neste lugar, ao contrário dos desenhos animados, era muito religiosa. Pode-se até dizer que para além de picar pedra, viviam para a religião; há templos em todos os cantos, em todos os picos, em todos os lados.
No meio da abundância visual de castanhos e cores secas, os verdes dos campos de arroz e das plantaçoes de bananeiras sobressaem ofuscantes, é uma imagem hipnotizante. Entre estes hectares de verdes, ressaltam as cores folclóricas dos saris das mulheres que colhem o arroz.
Quando chegamos, atravessamos o rio de barco para nos instalarmos na outra margem; durante a travessia, assistimos a mulheres que com a água fria da ribeira que não é de todo cristalina, lavavam a loiça, a roupa, e ainda aproveitavam para tomar banho.
Mais uma vez fomos parar a uma comunidade hippie, mas desta vez o telhado foi subtituido por uma tenda igual à dos Índios das Americas! Aquelas, com um tripé de paus e um pano branco a volta!
Em qualquer parte da India é muito comum alugar-se motas, o problema é que para além de ser uma maluquice pegada, a (Ana) tem medo. Conseguimos sempre esquivar a questão fazendo tudo a pé, até ao dia em que chegamos a Hampi. Pedimos indicaçoes aos “rickshaw” de como chegar ao lago e eles disseram que era muuuito longe e cobravam muuito dinheiro… Não acreditámos e fomos a pé; fizemos mais de uma hora de caminho debaixo de um sol em brasa e sem correr nenhuma aragem.
Resultado da história: o medo de andar de mota teve que ser superado e de forma drástica; para voltar a “casa” tivemos que pedir 3 boleias indianas. Conseguem imaginar? Uma motita, com um indiano a conduzir e a Tita e a Ana atrás? A mota ficava tão pesada que nas rampas, nós tínhamos que descer para a mota conseguir subir. Claro está que a mota é que não é boa, o nosso peso está óptimo! Lol
Obviamente, quando voltámos, fomos logo alugar uma mota e a partir desse momento, Hampi ganhou uma nova dimensão aos nossos olhos. É o lugar perfeito para se andar de mota e explorar, encontrar vilas não turísticas e paisagens inacreditáveis.
Desde sempre que o sol é sol, o sol é deus, o sol é vida, é adorado e venerado; por mais anos que passem e por mais que se expliquem as coisas, assistir a um pôr-do-sol é sempre magico. Subimos 600 degraus, chegamos ao templo dos macacos, ainda escalamos umas rochas e acompanhamos o desaparecimento daquela bola gigante que vai caindo devagar por trás das montanhas de pedras. Por não querermos pôr um fim aquele momento, deixámos que a noite caisse. Tivemos que pegar na mota, já estava escuro. Não aconselhamos ninguém a conduzir aqui de noite, o condutor faz de mosquiteiro! Chegamos à tenda (ainda a cuspir mosquitos) quando, inesperadamente, nos apareceram à frente os nossos “velhos” amigos: o Paul e o Reto! Foi uma emoção! Demos pulos de alegria e o grupo ficou outra vez reunido.
“Os cinco” pegamos nas motas e perdemo-nos em exploraçoes e aventuras. Passámos o tempo sem a mínima noçao de onde estávamos, mas no caminho íamos encontrando aquilo que até então não sabiamos estar à procura; íamos dando com pequenas comunidades que não estão habituadas a receber pessoas das comunidades vizinhas, muito menos estrangeiras. Era uma autêntica festa! As pessoas cercavam as motas, falavam connosco (todos ao mesmo tempo), as crianças corriam para nos receber e atropelavam-se umas às outras para nos tentarem tocar. Enquanto tentávamos resolver os caminhos do labirinto, fomos parar a um beco sem saida. Caídos do nada, um grupo de miúdos cercou-nos; sacaram de um telemóvel, puseram um “hit bollyduesco” e deram-nos um mega show de dança, surreal! Encontramos o “Indian got talent” aqui do sitio.
Estes ambientes, amigos da natureza, também têm os seus senão: como a falta constante de electricidade que, para além do obvio, faz com que a bomba de água nao funcione, sendo que a casa de banho, partilhada por todos, é apenas um buraquinho no chão e o autocolismo um balde de água… Sem água, só há amontoados!
Por outro lado, estes mesmos ambientes puxam pela simplicidade e pela pureza das sensações, o que dá azo a uma confianca e tranquilidade imediata e uma boa energia no ar inigualável. Como de costume à luz das velas, uns jantavam, outros conversavam, quando se começaram a ouvir os primeiros ritmos. Instalou-se ali, espontaneamente, um momento eufórico. Não havia uma única pessoa parada, ou tocavam ou dançavam, até os bebés se balançavam ao som do improviso. Estavamos todos mergulhados na mesma sensação, sentia-se uma energia comum que nos ligava e no primeiro segundo de silêncio deu-se uma manifestação explosiva de felicidade; naquele preciso momento só se vivia o presente, mais nada… Estávamos num mundo paralelo.
O último dia foi um dia de despedidas. A Sara partia para sul, nós para norte e os rapazes ficavam por Hampi… Tomámos o pequeno-almoço juntos e despedimo-nos com um abraco de “não-sei-quando- te-volto-a-ver”.
Artigo publicado no blog: http://triptraptales.com/. Apresentamos a nossa viagem volta ao mundo como um mestrado alternativo. Não há melhor escola do que viajar! Ajudem o projecto a crescer e acompanhem as nossas aventuras!
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Bem... que paisagens lindas, adorava um dia conhecer a Índia.
Agora ficamos à espera de mais noticias dessa viagem :)
Sim, contem-nos tudo... que bom que é viajar ainda que seja só através das vossas palavras... :)
Olá meninas, que bom saber notícias e partilhar um pouco desta vossa aventura. Podem continuar! Somos todos ouvidos... e olhos! ;)
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