Campo de Ourique foi considerado o melhor bairro de Lisboa para se viver. Com este pensamento em mente, calcorreei a zona à procura das razões de tal nomeação. Situado entre as Amoreiras, a Estrela e os Prazeres, Campo de Ourique é bairro de carácter muito próprio, apresentando-se como uma grande aldeia dentro da cidade. Com vocação residencial, apresenta um comércio de rua antigo, mas muito forte e esta é a grande vantagem.

Aqui encontramos tudo. Para os mais gulosos, é imprescendível uma visita ao Melhor Bolo de Chocolate do Mundo, que dispensa apresentações, ou à pastelaria Aloma, cozinheira do melhor pastel de nata de Lisboa. Se a refeição for mais prolongada porque não a Tasca da Esquina do chef Vítor Sobral. A poesia deambula pela Casa Fernando Pessoa e os amantes de arquitectura podem sempre deixar-se perder nas linhas rectas da Igreja do Santo Condestável da autoria do arquitecto Vasco Morais Palmeiro. De porta em porta temos floristas, as antigas boutiques, retrosarias, lojas de decoração, sapatarias e muito mais, de porta a porta percebemos o porque da fama deste bairro. Foi aqui que reencontrei a Loja Portugal Rural. Templo antigo de iguarias das zonas rurais portuguesas está neste momento um pouco diferente. A mudança dizem é provisória…Agora as portas da loja abrem para uma exposição dedicada à cerâmica, “Em Volta do Barro” assim se denomina. O tema é curioso e as peças que lá estão expostas também o são. Num espaço amplo, encontramos as famosas bonecas de Júlia Cota, o coreto e a banda de música dos Irmãos Baraça e as figuras de Conceição Sapateiro. Os Galos de Barcelos e peças de autores menos conhecidos, mas igualmente merecedores de atenção, também lá se apresentam. A montra chama à atenção pelo serviço de café delicadamente pintado com os motivos dos Lenços dos Namorados. Dentro temos o negro barro de Molelos, a loiça Bajouca, as bonecas e santos de Rita Matias e o barro de Maria João Poejo, entre muitos outros.

A entrada neste espaço foi ocasional e impulsionada pela curiosidade de perceber no que se transformara estas loja de antigos paladares rurais e pequenas “tabernices”. Acabei por permanecer e contemplar uma boas mostra do artesanato em barro, tomar um café e jogar dois dedos de conversa fora. Aconselho a visitarem a exposição, já têm é poucos dias uma vez que termina no próximo dia 31 de Julho.