Universos tradicionais resgatados e reinterpretados, despertam a dimensão relacional e lúdica da dança num espectáculo de fazer trautear o coração de entusiasmo.

A consagrada coreógrafa Clara Andermatt propõe-se um desafio arriscado e sedutor: levar a palco os universos da dança e da música tradicionais portuguesas numa abordagem contemporânea. Com base num processo aprofundado de pesquisa sobre técnicas, materiais e funções associados aos bailes populares e ao folclore, investiga as motivações que lhes deram origem, enquadrando e reflectindo sobre os vários aspectos que os compõem – os temas, as celebrações religiosas, a relação com o trabalho, a relação com o outro e consigo próprio -, e a forma como se inscrevem no corpo, no tempo, nos ciclos, na musicalidade. Conceitos dicotómicos como cultura popular vs cultura de arte, ritual vs convencional, rural vs urbano, tradicional vs contemporâneo, são descontextualizados no âmbito da dança contemporânea e revestidos de novas funções e expressões, numa troca dinâmica entre o passado e o que está para vir.

“Costumes que exprimem a alma. A nossa, a de agora e de um outro tempo.
Um tempo-terreno vinculado aos ciclos da natureza, circular e mutante.
Nos rituais, nas celebrações, nas vozes, nas histórias, no trabalho…
Tudo envolve o corpo, a dança e a música. Do vazio ao Amor.
Cadências repetitivas que atenuam o cansaço e estimulam o fôlego.
Por necessidade e defesa o corpo chega a estados hipnóticos.
Somos apenas nós e nós com o outro, somos todos porque é preciso, porque se quer.
Na companhia, na crença, na tarefa, no apaziguar da solidão.
Em roda, em linha. Em pares, em bando.
Momentos de espera ou humildade ou beleza ou alegria. Assim, singelo.”
Clara Andermatt

SÁB 27 Setembro | 21h30
Teatro Virgínia – Torres Novas
1h15min | M/12 | 6€