Passados dois anos da sua apresentação na Galeria Palpura, Lara apresenta novos trabalhos. A "mulher" continua a ser o centro da sua obra, onde as características muito singulares da sua pintura estão cada vez mais em evidência, como sejam um forte e muito personalizado cromatismo nas suas figuras "sombras", os "retalhos" com que são "vestidas" (pintadas) as personagens e a sensualidade das suas poses.

Palcos Interiores

Esta série de trabalhos, Palcos Interiores, retrata a individualidade, identidade e intimidade feminina, refletindo estados de alma. A representação visual do mundo feminino evoca a publicidade e a moda, onde se importam modelos, poses e atitudes como um catálogo de sedução e sucesso ou de vergonha e fracasso com figurações, aparentemente, dóceis, soft e inofensivas entre uma infinidade de cores.

As técnicas docemente decorativas e muito femininas associadas à representação do corpo sensualmente feminino incorporam a representação desta temática. Esta exploração visa todo o universo feminino e todos os interesses inerentes a este, desde os sentimentos [mundo interior] até ao materialismo [mundo exterior], observando a vida quotidiana da identidade feminina… vozes femininas que cantam o desespero, a paixão, o abandono, a vaidade, em poses e expressões que refletem um mundo de mulheres. O que está representado visualmente espelha o hibridismo entre uma tradição romântica e uma cultura pop incorporado numa linguagem gráfica onde, por vezes, surgem mulheres sem rosto ou identidade específica e sem referência a nenhum local ou acontecimento, podendo pertencer a qualquer individualidade ou espaço inerentes à memória de cada um de nós. Integra, deste modo, sensibilidades que mesclam com a identidade e beleza femininas, conferindo protagonismo à pose do corpo-que-veste-aparência e que tem a Espera como premissa.

Palcos Interiores enquadra-se, assim, em vivências pessoais, íntimas e experiências emocionais com evidentes implicações sociais que envolvem, interessam e identificam todo o universo feminino, não se tratando de politizar o tema corpo-feminino mas apenas uma abordagem a puras emoções entre corpo e alma.