A jornada de hoje contemplava uma visita a Cristóvão Colombo. Assim sendo, servi-me do meu GPS alternativo, um velho mapa que não me engana, nem me manda para sítios obscuros, como já sucedeu com as máquinas modernas.
Dirijo-me a Cuba, e lá o encontro, bem no centro do jardim/pátio de uma das mais antigas mansões da vila, restaurada em 1804 e cuja arquitetura mantém alguns dos mais tradicionais aspetos da região, com abóbadas e interiores com acabamentos em estuque, forno tradicional e talhas datadas de 1934, construídas na vizinha Vila Alva. A casa está agora transformada em restaurante e adega tradicional.
Quando recebi o convite de José Tomás Soudo, o proprietário, para visitar a adega e ir à comemoração do seu aniversário, estava longe de imaginar que iria mandar às urtigas outras visitas, já programadas, a santuários tasqueiros.
No final da manhã, entre copos e petiscadas, Soudo acede cordialmente às questões por mim colocadas. “O nosso objetivo é confrontar a harmonia entre o vinho da talha e a comida tradicional, definindo assim aromas da gastronomia alentejana com os do vinho. Os vinhos da nossa região são os ideais para acompanhar queijos e petiscos tradicionais, pratos à base de caça, carnes grelhadas ou assadas, e as açordas (sopas de pão), as migas e os ensopados”. Sobre a questão de ter dois espaços distintos, Tomás Soudo elucida-me: “Quando criei a Adega da Casa de Monte Pedral, quis manter toda uma tradição que tende a desaparecer, como é o caso das tabernas alentejanas, com os seus vinhos e petiscos. Quis manter a tradição de um local social, cujos benefícios de frequência são muito salutares, uma vez que constituem uma ótima terapia de relaxamento, fazendo desta adega um lugar de verdadeiro convívio e amizade tranquila, o que nos dias de hoje nem sempre é fácil de conseguir. O restaurante, apesar de mais sóbrio, serve outro propósito. E a comida pode até ser a mesma, mas a apresentação é outra”.
Entretanto, Tomás Soudo retira-se, deixando-me na companhia de uma barriquinha (pequeno copo de vidro abaulado) de branco da talha, para ir ver como vai a “assadura” do leitão preto, prato com o qual irá presentear os seus amigos e este intrometido.
Nos entretantos, atiro-me com deleite aos tachos e cozinhados, desde sempre muito elogiados, mas por mim desconhecidos. Quem se senta é prontamente servido com bom pão caseiro alentejano, acompanhado de queijos, enchidos e miúdos. Enquanto espera pelo repasto principal, pode ir petiscando uns ovos com espargos e cogumelos, uns ovos de codorniz ou presunto de porco preto.
No que diz respeito ao peixe, o bacalhau dita leis, mas aconselha-se também uma saborosa sopa de tomate com cherne, com o pedaço de pão a acompanhar. O achigã também não é de recusar. Se é um carnívoro por excelência, outros prazeres despontam. O porco preto é rei e senhor e, em época de caça, a feijoada de lebre ou o arroz de perdiz são imperdíveis. Se estiver numa onda tradicionalista, decore estas delícias gastronómicas: sopa da panela, sopa de toucinho, migas com carne de alguidar e cabidela de galinha.
Quanto a vinhos, aconselho o da talha, feito com o método tradicional, em jarro ou em copo. Existe também uma carta de vinhos, cuidadosamente selecionada por Tomás Soudo.
No restaurante, quem governa é o chefe Pedro Souto, com os cozinhados aprendidos com a sua mãe e com a sua avó.
Os guardanapos são de pano e têm o nome da casa bordado a azul; as paredes ostentam fatos de toureiro bordados a ouro. A decoração é pautada por relíquias de antiquários, com destaque para a caixa registadora, que só marca escudos, comprada num antiquário em Borba. As paredes são em pedra e em cobre martelado, e o azul é a cor que predomina.
Para descontrair após o repasto, desfrute do belo pátio/jardim, acompanhado por uma boa aguardente daqueles sítios.
Quanto ao meu almoço: no mínimo, divino. Canja de galinha com chouriço e toucinho e um leitão de preto “vestido”, sem aquele molho apimentado da Mealhada.
Com contas perdidas em relação às barriquinhas ingeridas, decidi-me ficar por ali, não fosse ser tramado pelo balão… mas não participei no “cante” alentejano com o qual os restantes convivas decidiram encerrar a tarde.
Adega Casa de Monte Pedral
Praça da República, 7940-163 Cuba
Tlm. +351 936 520 036
Preço médio 15/20 €
Exibições: 5264
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Texto retirado do livro: "Guia das Tascas e Tabernas de Portugal"
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