CULTURA: Crítica, 127 Horas - Da Índia para o Canyon

 

 

 

Após uma das maiores angariações de estatuetas da história dos Óscars, com 8 exemplares por "Quem quer ser Milionário" (2009), Danny Boyle volta a brilhar este ano, garantindo a sua presença na gala mais aguardada pelo mundo do cinema.

Com 6 nomeações para o maior prémio da Academia, "127 Horas" resume-se nos 90 minutos mais longos e stressantes que poucas vezes tive a oportunidade de ver em cinema. Uma história baseada na aventura biográfica de Aron Ralston, um montanhista profissional americano que numa das suas diversas caminhadas sofre uma acidente quase fatal. Por mais de cinco dias, Aron fica preso pelo braço direito, entre uma rocha e a parede de uma fenda num Canyon, no Utah. A fome e a escassez de água são algumas das adversidades com que Aron se vai confrontar nesta aventura que lhe poderia ter valido a vida.

Como protagonista temos a excelente actuação de James Franco que, para além de nomeado para o Óscar na categoria de melhor actor, vai também vestir o papel de apresentador da gala ao lado da bela Anne Hathaway.

 

O primeiro ponto que deve ser salientado quando olhamos para este filme como nomeado para 6 das categorias dos Óscars é a Edição. Não sou especialista, mas percebo alguma coisa de montagem. Por isso, sinto-me à vontade para dizer que metade do sucesso desta longa-metragem é a edição, da autoria de Jon Harris. A forma frenética como as imagens são apresentadas, por vezes em três layers de ecrã diverentes, mas todas ao mesmo tempo e relacionadas entre elas, tudo isso e muito mais que se verifica apenas na visualização do filme (não quero estragar a surpresa toda) faz com que esta "pequena" longa-metragem se torne incomparavelmente agoniante.

 


Outro aspecto a focar é a forma reveladora com que James Franco se apresenta. O protagonismo pode ser difícil de se conquistar, mas o mais difícil será manter o protagonismo quando se é a única personagem em cena. Franco não parece ter tido qualquer problema quanto a isso. Do início ao fim do filme a nossa atenção vira-se para Aron e a situação na qual se encontra parece tornar-se parte de nós. As sensações, os medos, as lembranças que Aron tem ao longo dos longos cinco dias de sofrimento e cárcere tornam-se também nossos. O realismo com que trata as reacções que o seu corpo vai experimentando ao longo de todos aqueles dias de desespero é tal que não nos parece difícil imaginarmo-nos na mesma situação. Já para não falar nos efeitos visuais e caracterização que são excelentes.

A solidão, bem como a consciência da sua eventual morte naquelas condições, fazem com que Aron recorra ao pouco que trouxe consigo para a caminhada. Grava vídeos de despedida para a família e amigos, de quem se recorda constantemente, mas também fala consigo mesmo, como forma de combater o peso da realidade com que se defronta: está totalmente só e sem esperança.

 

A banda sonora é um último factor que gostaria de sublinhar como ponto a favor desta superprodução. "127 Horas" tem também uma nomeação para os Óscars de melhor banda sonora original e melhor canção original, pode-se chamar à trilha deste filme um tanto peculiar, mas a combinação perfeita para o resultado final. Com a colaboração de Dido e do seu irmão Rollo Armstrong, em parceria com o já vencedor de dois Óscars, A. R. Rahman, a última faixa da lista, "If I Rise", espelha exactamente a mensagem e a moral de uma história real que é um legado na vida de muitos outros aventureiros em todo o mundo. Destaco igualmente a música inicial do filme, "Never Hear Surf Music Again" da banda nova-iorquina de música experimental, Free Blood. Totalmente recomendada!

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Comentário de Natacha Costa em 26 Fevereiro 2011 às 0:17

O filme é magnifico. Adorei. O que a adrenalina nos provoca... pode matar mas também salvar! A tua crítica está óptima =)

Comentário de Maria Claudia Rocha Ferreira em 24 Fevereiro 2011 às 22:43
Obrigada Hugo! Fico também à espera de ler as tuas próximas críticas. Já agora, aproveito para convidar-te a ti e aos membros da comunidade que ainda não o fizeram, que venham ao fórum de discussão e deixem lá os filmes da vossa vida;)
Comentário de Hugo França em 24 Fevereiro 2011 às 21:06

Como previa, excelente artigo! 

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