TENDÊNCIAS: Checkpoint LX

Com o número de novos casos de Sida a aumentar de dia para dia, foi inaugurado esta semana o primeiro espaço especialmente dirigido a homo e bissexuais para testes rápidos ao vírus da Sida. É financiado na quase totalidade pelo Ministério da Saúde e gerido pelo GAT – Grupo Português de Activistas sobre Tratamentos de VIH/SIDA.
Os testes são gratuitos e anónimos. E o resultado demora cerca de meia hora a ser conhecido.

A principal novidade do Checkpoint LX, face aos actuais Centros de Acompanhamento e Detecção espalhados pelo país, é a de ser especialmente dirigido à população HSM (Homens que Fazem Sexo com Homens, expressão utilizada pelos médicos epidemiologistas para se referirem a homo e bissexuais). Os utentes não são atendidos por psicólogos ou outros técnicos de saúde, mas sim por outros homo e bissexuais.

O espaço tem um aspecto novo e moderno e a entrada é discreta – fica no mesmo local onde funcionou o ateliê do estilista José Carlos (1950-2004). Os responsáveis pedem aos utentes que façam marcação por telefone (91 069 3158), para facilitar o processo. À chegada, são atendidos por um recepcionista, depois aguardam numa sala de espera e finalmente são chamados para um dos três gabinetes existentes. O teste consiste numa picada no dedo e na recolha de gotas de sangue que são colocadas num pequeno dispositivo descartável.

O resultado pode ser “reactivo” ou “não-reactivo”, nunca “positivo” ou “negativo”, explica Maria José Campos. Em caso “reactivo”, é necessário um teste mais sofisticado de confirmação, a ser realizado no Hospital dos Capuchos, com o qual foi assinado um protocolo de colaboração.

O Checkpoint LX, cuja inauguração foi sucessivamente adiada ao longo do último ano, por alegada falta de verbas, tem um orçamento mensal de cerca de 9 mil euros, num total anual de 103,2 mil. Segundo João Brito, o Estado compromete-se a entrar com 80% dos gastos durante três anos, através da Coordenação Nacional para a Infecção VIH/Sida (Ministério da Saúde). O restante é assegurado, pelo menos nos próximos 12 meses, por laboratórios farmacêuticos (Abbott, Boehringer, Janssen-Gilag, Gilead, ViiV e MSD) e pelo MAC Aids Fund (da empresa de cosmética).

O mais recente relatório das Nações Unidas sobre o estado da epidemia da sida, divulgado em Novembro último (“UNAIDS Report on the Global Aids Epidemic”), diz que “dados de 23 países europeus mostram um aumento anual de 86% das infecções entre HSM, no período de 2000 a 2006.” Em Portugal, de acordo com o mesmo documento, 57% dos homens não usaram preservativo na última relação sexual anal com outro homem.