Ainda há sítios assim, em que nos reconhecem, cumprimentam e dizem "há quanto tempo", "como estão", no qual nos entregam as ementas com um sorriso e nos mimam, com um papari, dizendo que é oferta da casa. Tudo prima na apresentação. As chamuças quentinhas, o pão de alho naan, cortado aos triângulos, perfeitamente alinhado, ligeiramente pincelado com manteiga e acabadinho de fazer.

Aqui não há pressas, nem stress, até porque os clientes chegam a conta gotas, e, iludam-se os que só entram se houver gente, porque aqui apesar de poucos, a qualidade é mesmo muito boa, bem como a forma como nos recebem. A sério que parece que estou a entrar em casa do Sr. Singh e a sentar-me para almoçar na sua sala de estar, ao som da sua música indiana preferida, acompanhada de vários quadros tipicamente indianos e paredes cobertas de papel cor de salmão.

Hoje apetecia-me cubinhos de frango em molho de natas, ligeiramente salpicados com amêndoas e coroados com raspas de coco, chicken korma, enquanto que para quem me acompanhava, e, porque gosta do travo picante,  escolheu chicken vindaloo, magnificamente apresentado num tachinho de cobre, com frango em molho de tomate e natas. A acompanhar um arroz jeera com sementes e especiarias, tão soltinho e leve, afinal veio da Índia direitinho para o nosso prato.

Não somos de gostos vinícolas abastados, e normalmente escolhemos Mateus Rosê, que acompanha muito bem este tipo de iguarias indianas, nem foi preciso pedir, porque o Sr. Singh lembrava-se qual o nosso vinho preferido. Já não houve barriga para a sobremesa, porque apesar das doses parecerem pequenas, não o são, e se sobrar é só pedir e será colocado em caixinhas com todo o cuidado para poderem levar para casa.

Os que gostam do seu docinho à sobremesa têm várias doçuras e travessuras para a linha, recomendo as bolinhas de coco quentes, que se derretem na boca e fazem plim directamente no hipotálamo, libertando uma única e indescritível sensação de prazer. Os que preferem algo mais fresco têm de provar o gelado de manga, que parece desfeita em mil pedaços, tal é o seu sabor e frescura, de certeza que não é um gelado de aroma, mas sim daqueles que levam a fruta e que os tornam assim, como um prémio ao palato em final de refeição.

Surpreendam-se os que de todo não comem animais, porque por aqui também podem escolher entre várias iguarias vegetarianas.

O Sr. Singh acompanha-nos ao exterior e conversa, porque já nos conhece e já não aparecíamos há algum tempo, não percebemos tudo, porque o seu português ainda é uma mistura anglo- indiana com algumas palavras lusas à mistura, apesar de estar em Portugal há 10 anos, ainda não fala correctamente a nossa língua, mas lá nos vai falando da sua família, da sua terra, e de que já foi visitado 2 vezes pela Asae, mas que saíram contentes e satisfeitos, porque aqui qualidade, higiene e segurança alimentar são palavras de ordem.

Se ficasse em outro qualquer recanto lisboeta a sala estaria a abarrotar, mas aqui escondido entre curvas e contra curvas de Paço de Arcos e sem qualquer sinalização, são raros os que o encontram, ainda bem, suspiramos nós, que continuamos com este segredo bem guardado. Para os que não o encontram, podem sempre encomendar via telefone, e, não estranhem se alguém com um turbante vos bater à porta.

Restaurante Indian Cottage

Rua Adriano José da Silva 22-A

2780-547 Paço de Arcos

Tel: 21 442 63 92

93 934 62 52 / 96 927 62 44

aberto todos os dias

12h00/15h30 - 18h00/23h00

http://indiancottage.com.sapo.pt/

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