É assim que caracterizo Madrid. Somente com um verbo.
Conhecida pela sua intensa vida nocturna e pelo cruzamento incessante de experiências e pessoas, a capital espanhola entranha-se aos poucos naqueles que a visitam pela primeira vez e ainda não sabem ao certo o quão caliente se pode tornar.
Ao dar os primeiros passos, apercebemo-nos da verdadeira dimensão de Madrid. Aqui tudo é gigantesco. As avenidas, as árvores, os prédios, os centros comerciais, as feiras e tudo converge numa explosão única de cores, cheiros e diversidade.
É curioso dar um longo e calmo passeio pela zona empresarial (Azca) e olhar atentamente a moderna arquitectura dos arranha-céus, enquanto alguns madrilenos mais radicais aproveitam a selva de asfalto para a prática de Parkour.
Tudo é pretexto para uma actuação. Até o simples sinal vermelho de trânsito se transforma numa claquete, permitindo a uma artista de rua actuar numa passadeira – um palco diferente - com um número de malabarismo que encanta não só os transeuntes, mas também os automobilistas, surpresos.
Ao olhar para o céu, surgem no topo da avenida, duas torres que se apresentam diferentes do habitual. São denominadas como a Puerta de Europa. As resplandecentes Torres Kio, estão inclinadas uma para a outra, desafiando imperetrivelmente a gravidade, e simbolizando ao mesmo tempo uma porta aberta para a Europa, oferecendo aos alunos de arquitectura e desenho um motivo para ali passarem as tardes, perdidos entre carvão e papel, trânsito e multidões.
Um ponto de partida... La Puerta del Sol
A melhor forma de conhecer Madrid é partindo da Plaza Puerta del Sol. Esta é o verdadeiro coração da cidade. As fontes, ladeadas com bancos, e a estátua de uma Ursa e um Medronheiro (símbolos da capital) tornam-na inesquecível e um ponto de referência, ao mesmo tempo que a multidão de turistas dá vida à praça.
A partir daqui posso começar a calcorrear várias ruas estreitas. Vejo montras coloridas, carregadas de doces, guloseimas e bolos, até alcançar novas plazas, largos enormes com edíficios nobres e inscrições antigas nas fachadas. E sempre, o som incessante e característico dos espanhóis continua. Um som cheio de vida, um gosto enérgico e uma paixão que contagia.
Um Retiro para quem prefere momentos calmos?
Andar pela capital espanhola pode ser uma aventura. Um conjunto de descobertas, até mesmo num local – supostamente – mais sossegado, como um parque. Assim é o Parque del Retiro!
Ao olhar para o mapa, percebo que é um parque bastante grande , mas só passado algum tempo de lá estar é que entendo a sua verdadeira dimensão. É um dos sítios preferidos dos madrilenos e é fácil entender o porquê.
É um verdadeiro retiro no centro da cidade. Aqui encontro mundos dentro de mundos. Um grupo de 10 senhoras chinesas dança num coreto. Compassadas, com movimentos graciosos e uma simplicidade única. Olho atentamente, mas a minha atenção é desviada ao mesmo tempo por um concurso de lenhadores, que atrai também uma pequena multidão e está a ser transmitido na TV.
Mágicos, videntes, violinistas e comediantes. Passo por eles nesta caminhada sem fim. E que não quero terminar. O dia está cinzento e mesmo assim há cor por todo o lado. Há alegria e uma sensação de bem estar. Vejo-o escrito nos olhos da menina que passeia de barco com o pai, no lago que El Retiro alberga.
E o Palácio de Cristal. Finalmente, encontro-o! Já tanto ouvi falar desta obra e agora vejo-o à minha frente. Um Palácio com uma dimensão reduzida e até algo simples, mas com um encanto sedutor. Uma amálgama de vidros transparentes que possibilitam observar o parque em volta e que dão abrigo a uma exposição pós-moderna no seu interior. Entendo, aprecio a fusão e saio...
Olho para o Palácio de outro ângulo e vejo toda a envolvência. A estrutura, as imponentes árvores que emergem do próprio lago e dão a este quadro um detalhe especial, a vida animal e tanto verde. É magnífico!
Madrid por la Noche
Para aqueles que gostam de conhecer a fundo as maravilhas dos destinos que visitam e sentem a necessidade de se perderem nas características intrínsecas e tradicionais, a Chueca é uma paragem obrigatória em Madrid.
É um bairro extremamente característico, que alberga um número infindável de bares, restaurantes e discotecas, passando dos gostos mais comuns até aos mais alternativos. As opções são tantas!
El Armario foi um dos restaurantes que encontrei. É um local agradável, descontraído e com um preço acessível (uma refeição ronda os 10 euros). Os empregados são muito prestáveis e eficientes, apesar da enchente de clientes, e a decoração é muito inteligente e cuidada, misturando o chique e o vintage num ambiente intimista.
Os pratos são tradicionais, com um toque de modernismo e têm uma salada de queijo, presunto e cebola caramelizada... Absolutamente divinal!
Mas depois de acalmar o estômago, é altura de voltar às ruas da cidade! Em Madrid não há tempo a perder e a noite ainda é uma criança. Procurar um local para beber um copo e continuar a absorver esta cidade é uma tarefa simples e qualquer plaza madrilena serve o propósito.
Basta olhar para os inúmeros grupos de pessoas que pintam as ruas à noite, e sem saber onde ir, aprecio a ironia da noite e chego ao Bar Encuentros, localizado também na Chueca. O empregado é simpático e pergunta timidamente se somos portugueses. Ao responder afirmativamente, tece vastos elogios a Portugal e assume ser um fã do País, em particular de Lisboa.
Trocam-se elogios aos países e às cidades, tentando manter a conversa sempre em Espanhol até que, quando pedimos finalmente as bebidas, uma sílaba mal pronunciada na palavra “Rum” dificulta a conversa... Por fim, lá consigo pedir a minha bebida com “Rôn” e ainda trocamos algumas gargalhadas e recebemos como oferta uns churros de Chocolate!
Flamenco – uma combinação de canto, dança e intensidade
Tablao Las Carboneras foi um dos sítios sugeridos pelo recepcionista do Hostal, que até tratou da reserva. É um sítio típico, onde se come bem e os espectáculos são um espanto. E assim fomos!
Na verdade, de pouco servem as palavras para descrever este sítio... A comida é mais do que boa e facilmente nos perdemos nas famosas tapas e na mistura de sabores que seduz o paladar.
A curiosidade aumenta e, por fim, as luzes desfazem-se e dão lugar a um palco escuro, centrado e já habituado ao que se segue.
Surgem os primeiros sons. São vozes femininas, são notas musicais, mas não são simples. São intensas e parecem vociferar desde sempre do interior destas mulheres. Ouvem-se palmas, mas não são os clientes. São os homens que actuam e que começam também agora a cantar. É impossível continuar a refeição. É impossível não ser seduzido. E então começa a dança. Uma a uma, cada mulher actua individualmente e, enquanto cada uma actua, todo o grupo puxa, grita, querem o melhor show de sempre. Querem culminar os níveis de energia e deixam-se, acima de tudo, levar pela tradição desta dança.
É apaixonante sentir o palco estalar sob a força dos passos e das pancadas dos sapatos de cada bailarina e, ao mesmo tempo, ver a sensibilidade nos movimentos, a intensidade no olhar e o roçagar dos vestidos compridos e tradicionais.
E assim continua. Esqueci las tapas e fico durante hora e meia a aplaudir, boquiaberto, extenuado pela intensidade de tamanho espectáculo. Uma actuação gigantesca num espaço pequeno que, no final, me deixa sem palavras.
Website: http://www.tablaolascarboneras.com/
Por fim, a visita termina. Sinto que ficou tanto por ver e sentir. Parece que Madrid tem um Universo próprio e que tudo pode acontecer, a qualquer momento, e é na última paragem que faço antes de voltar a Portugal, ao entrar numa exposição de rua, que tenho a confirmação.
E volto, com o desejo de regressar!
Há tanto para ver em Madrid que poderia continuar a escrever sem parar. Porém, deixo aqui algumas sugestões de sítios que visitei e, acredito, serem merecedores de referência:
Estación de Atocha – Uma estação ferroviária bem diferente do habitual. É um edíficio enorme, onde existe uma pequena feira e – o mais curioso – um palmeiral. A estação foi transformada numa estufa, dando prioridade aos tons verdes.
Museo del Prado – Um dos museus mais consagrados do mundo, onde é possível ver obras de Rembrandt, Rubens, Goya e, nomeadamente, peças como o conhecido quadro As Meninas de Vélazquez.
Casa de Campo – Um terreno gigantesco que abrange um Jardim zoológico, um parque de diversões, um lago, tavernas e uma piscina ao ar livre. A vista panorâmica sobre a cidade é fantástica e é possível fazer o regresso à cidade de teleférico.
Centro de Arte Reina Sofia – Um núcleo de arte contemporânea, que oferece exposições temporárias, aliadas a uma colecção fixa de grande porte. Uma das peças que mais pessoas de todo o mundo atraia é Guernica, de Picasso.
La Filmoteca – é um cinema dos anos 30, que cotinua com uma programação activa. Tem uma livraria especializada em cinema e uma cafetaria, perfeita para uma paragem a meio da tarde.
El Rastro – ritual madrileno, que ocorre todos os domingos. Assemelha-se a uma feira, mas de grandes proporções, onde é possível comprar recuerdos, roupa, comida.
Museo de Escultura al aire libre – Obras de Miró, Juan Bravo e Eduardo Dato colocadas ao ar livre. Um museu nada convencional, que leva a arte até aos cidadãos.
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