VIAGENS (lá fora): Menorca, férias “empacotadas” na pérola das Baleares

Tinha sido um ano complicado. Bastantes mudanças no quotidiano, aliadas ao costumeiro deixa andar que mais para a frente se resolve, fizeram com que sobrasse muito pouco tempo para organizar viagens totalmente controladas por nós, e com os detalhes que adoramos.

Era então chegado o ano zero no que a férias de “pacote” diz respeito.

Depois de torcermos o nariz a alguns destinos tropicais, onde as saídas dos resorts, são algo por vezes não aconselhável, surgiu uma hipótese bem mais perto e em conta, que de imediato nos prendeu a atenção.

 

Porque não Menorca? Tal como para muitas pessoas, era também para nós um destino desconhecido.

Considerada uma parente pobre das vizinhas Maiorca e Ibiza, a começar pelo número de discotecas e bares repletos de ingleses e alemães por metro quadrado, Menorca conquistou-nos logo à partida. Queríamos descansar acima de tudo.

Não se engane o leitor. É preferível deixar que se continue a pensar em Menorca desta maneira. A ilha tem cerca de 256 quilómetros de praias e arribas, e enseadas saídas de um plano dos Piratas das Caraíbas, daquelas em que estamos sempre à espera que de trás de uma rocha apareça o Captain Jack. Esse pirata em particular não apareceu. Apareceram outras “criaturas” cobertas apenas com lama, mas desses mais à frente falarei.

O plano era simples. Depois de aterrarmos na Capital, Mahon e do transfer nos deixar no Hotel escolhido, fomos alugar carro. Faço aqui uma pequena nota mental: aluguem pela Internet, evitem fazê-lo no local. Poupam umas boas dezenas de euros e figuras tristes a tentarem fazer-se entender em Portunhol.

A estrada principal, a M1, com cerca de 45 quilómetros, atravessa a ilha de uma ponta à outra. A partir daí surgem várias ramificações que nos levam a todas as paradisíacas praias. Segundo os locais, são mais de cinquenta, e para todos os gostos: com areia branca e fina no sul, com areia alaranjada e grossa no Norte e com rochas, muitas rochas.

Mahon: a capital

No primeiro dia, e depois de um refrescante mergulho na piscina do Hotel, decidimos visitar Mahon. Não fazíamos ideia do que nos esperava na cidade onde se diz que nasceu a mayonaise. Saiu melhor do que a encomenda. Era o dia do festival Mare de Deu de Gracia, semelhante às festas religiosas da Senhora da Graça, espalhadas em várias localidades cá do burgo.

A primeira coisa que nos chamou a atenção foi os cavalos. Negros, com um porte magnífico, e exuberantemente vestidos e penteados para a festa.

O único senão era o mar de gente, que nos obrigou durante uns longos 2 minutos a jogar ao encontra o Wally. Pode também ter sido resultado de termos provado a Pomada, a bebida típica de Menorca, à base de gin, que ficou da ocupação inglesa, e limonada. Como diria o Estebes: “Que Pomada!”

Praias: As nossas escolhas

Como atrás referi, são demasiadas para visitar. Fomos obrigados a escolher. Descobrimos rapidamente que há três tipos de praias em Menorca: O clássico areal que se estende por quilómetros, as Calas, pequenas baías que se chamam Caletas, na sua versão mais pequena e que geralmente têm paredes rochosas, e as praias virgens, menos frequentadas e propícias a encontros inesperados. Lá chegarei.

Cala en bruc

Está no meu top 5 de locais a mergulhar para snorkeling. Pequenas plataformas na rocha, em cimento com escadas para ajudar. Escadas quais escadas? Escadas são para meninos.

Cala en Turqueta

É um pequeno paraíso na terra. A transparência da água fascina, e a temperatura obriga a ficar mais uns minutos, mesmo depois dos dedos das mãos estarem completamente enrugados.

O acesso é feito a pé durante cerca de dois quilómetros. Lembrem-se que estamos numa zona de protecção da biosfera. Estacionado o carro, anda-se um pouco, o que só ajuda a querer nadar quando chegamos ao areal. Acaba por ser um bom passeio, porque a sombra das árvores acompanha-nos a maior parte do caminho.

Spot para mergulhos: Check!

Macarella e Macarelleta

Tínhamos decidido visitar estas duas praias. Delas se diziam maravilhas e são o postal mais conhecido de Menorca. Um longo acesso em escadas de madeira seguia-se a uma pequena caminhada a partir da Cala Galdana (a praia mais famosa da ilha onde Grace Kelly passou a lua-de-mel).

O percurso é feito por entre manchas de pinhal mediterrânico por onde o mar vai espreitando aqui e ali. São uns bons 30 minutos a andar bem, mas não se esqueçam que é tudo pela conservação da Natureza. E não saímos defraudados.

A textura da areia, a temperatura da água, os pinheiros que vão até à areia, as pessoas de chinelos a subir a rocha agarrada a uma corda e a desaparecerem do outro lado... Huh? Apercebi-me depois que existia um pequeno acesso na rocha que assustaria a mais intrépida das cabras montesas, no qual muita gente se cruzava.

Chinelo no pé, máquina fotográfica a jeito e aqui vamos nós. Suor, algum receio, adrenalina, prioridade aos mais velhos e eis que se vê a Macarelleta do outro lado. É ainda mais bonita que a irmã, como se isso fosse possível.

Cala Pilar

Foi uma das experiências mais engraçadas da minha vida. Mesmo. Depois de um reconfortante pequeno-almoço, e de surripiarmos as sandochas para o almoço (meia pensão a isso obrigas), decidimos ir passar o resto da manhã nesta praia, uma das chamadas calas virgens.

Depois de terminar o acesso de carro, fomos a pé, sempre com a sombra das árvores como companhia.

A primeira impressão da praia agradou logo. Descemos uma longa encosta e começámos a reparar nuns vultos estranhos a caminharem pela água. Eram bípedes. Humanos! Com a cor mais estranha que já tínhamos visto.

Estavam barrados com uma lama que, soubemos depois, se diz ser óptima para a pele. Totalmente. As partes pudibundas também.

Era só o que nos faltava. Nudistas enlameados. O que fazer? Vamos embora? Não. Juntámo-nos a eles. Primeiro sem roupa, depois com a lama na tromba. E rimo-nos. Mesmo muito. E todos os enlameados nos cumprimentavam. Foi indescritível como experiência de vida. Pelo nudismo, mas principalmente por estar no meio de cerca de trinta pessoas cheias de lama. Como nos primórdios.

 

Covas D’en Xoroi – “Yo ho, Yo ho, e uma garrafa de rum”

Que não se pense que somos uns completos botas-de-elástico. Nem só de silêncio e descanso vive o homem, e como tal fomos à procura do famoso bar, que se dizia ter sido escavado na rocha. E não é que era verdade?

Galerias que nunca mais acabavam, esplanadas a contemplar o mar e os peixinhos lá em baixo, e uma iluminação colocada de uma forma inteligente, fizeram deste local uma experiência a repetir. A música podia ser melhor, mas de resto, fama completamente justificada.

Diz-se que em tempos um Pirata se escondeu por lá enquanto seduzia as raparigas da terra. Desconhecemos se se tratava do Captain Jack.

 

 Navetas (Es Tudon)

As navetas são construções pré-históricas existentes na ilha. São o parente rico das nossas antas. São duplexes e têm duas câmaras em cada piso. Muito fino.

Toda a ilha é bastante rica em vestígios neolíticos. Também é possível visitarem-se taulos deste período em Bnissafullet. São em tudo semelhantes aos que o Miguel referiu no seu artigo da Sardenha.

 

Pedreira de s'Hostal

Esteve activa até 1994. Depois de concluída a extracção de pedra, e ao invés de ser votada ao abandono, uma associação local alugou o espaço. Tem um jardim botânico lindo, e uma acústica fenomenal para concertos. Corri para o palco em pedra maciça e imitei o Freddie Mercury com um –“We are the champions, my friend” , tão sonoro que, me vi obrigado a ser olhado de lado pelos outros turistas durante o resto da visita.

 

Ciudadela

Foi a capital até 1714. Conserva ainda muito do traçado inglês. Calcorrear aquelas ruelas que tresandam a história é imperdível. Sentarmo-nos numa das imensas esplanadas e beber um granizado também. De café e chocolate se possível.

O porto à noite é belo. Os inúmeros restaurantes típicos com o marisco fresco à nossa espera, são também uma das imagens de marca desta ilha, que se pretende assim: pouco conhecida, com um turismo sustentado, e sem as invasões de camones de chinelos e meias brancas.

Vamos certamente voltar. E vocês? Ficaram com vontade de conhecer?

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Comentário de Helena Guerreiro em 30 Junho 2011 às 17:25

Juro que da próxima vezs que olhar para os folhetos das agências, vou prestar atenção a menorca. 

Que maravilha de praias!

Comentário de Ricardo Rodrigues em 30 Junho 2011 às 16:12

ei!! nem tinha reparado nos nudistas cheios de lama!! só agora á 2ª :)

Parece mesmo neandertais. Mto fixe. Ou seja a ilha é pequena mas com tantas praias dá mesmo para tudo ;)

Comentário de Milene Cabral em 30 Junho 2011 às 15:22

quando colocaste este artigo...tinha já um pensado sobre o mesmo local! tive que voltar ao início e fiz sobre a Costa Brava. Também adorei Menorca...às vezes pergunto porque no nosso verão a malta escolhe as Caraíbas..o Mediterrâneo é fantástico. fiquei fascinada pela Cova d'en Xoroi,

Comentário de Ricardo Rodrigues em 30 Junho 2011 às 15:06

o meu primo esteve lá á uns anos, e tirando o hotel só diz maravilhas da ilha, e como em minutos se anda de uma ponta á outra. 

Grandes fotos rui.

Comentário de Maria Inês Simões em 30 Junho 2011 às 14:51
Exacto sandra, quase todos os anos por esta altura andamos a comparar destinos para férias e este fica sempre para trás, se calhar está na hora de alterar isso.
Comentário de Sandra Gomes em 30 Junho 2011 às 14:44
Linda ilha. Toda a gente diz que lá quer ir, mas conheço pouca gente que tenha ido.
Comentário de Filipe Mendes em 30 Junho 2011 às 12:07

Já andei a falar em lá ir n vezes...o cachapa até vai para lá de lua de mel.

 

Praias fantásticas. E com marisco do bom. :) 

Comentário de Simone Matos em 30 Junho 2011 às 11:48
Aquele bar nas grutas deve ser o máximo. as praias então...
Comentário de Sandra Passos em 30 Junho 2011 às 11:36
Mas que praias!! A minha preferida é a turqueta. Bela :)

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